Em seis anos, a mecanização das lavouras de cana-de-açúcar do Centro-Sul resultou em uma redução de 87.661 pessoas empregadas no setor. A grosso modo, o saldo é a diferença entre o que se reduziu entre 2007 e 2013 no número de ocupados no corte e no plantio manual da cana e o aumento dos empregados para operar máquinas no campo. No mesmo intervalo, o nível de mecanização canavieira avançou de 42% para cerca de 90% da área.
O diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, observa que, cada máquina substitui, aproximadamente, 80 cortadores de cana. Enquanto uma máquina colhe 600 toneladas da matéria-prima por dia, um cortador de cana colhe 8 toneladas diárias.
Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) compilados pelo projeto de ocupação sucroalcooleira da Unesp de Jaboticabal (SP), em 2007 as usinas de cana da região empregaram, na média mensal, 284.853 trabalhadores canavieiros. Na média de 2013, esse número estava em 162.567 pessoas, uma redução de 122.287 postos, ou 42,9%. Enquanto isso, a mecanização abriu novas vagas, mas não suficientes para compensar totalmente a perda na área rural. Foram acrescidos no mesmo intervalo uma média mensal de 34.626 empregos ligados à mecanização.
Diante desse cenário, segundo Padua, a iniciativa privada e o poder público criaram programas para requalificar trabalhadores nos últimos anos para que pudessem atuar nas próprias usinas e em outras indústrias.
Uma das parceiras foi a Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado de São Paulo (Fetaesp). O presidente da entidade, Braz Albertini, afirma que apesar da requalificação ter abrangido um número grande de trabalhadores, há uma boa parcela de ex-cortadores de cana que é analfabeta ou semianalfabeta, o que dificulta a qualificação e, consequentemente, a reinserção desse grupo no mercado de trabalho.
Albertini observa que muitos foram recolocados na construção civil, mas que nos últimos meses, até esse setor vem desacelerando. “É preciso lembrar que muitos desses trabalhadores eram de fora de São Paulo. No Estado, quase não se encontra pessoas para atuarem na lavoura”.
(Fonte: Valor Econômico)