O tempo seco manteve acelerada a moagem de cana-de-açúcar da safra 2014/15 no Centro-Sul do país e a previsão é que quase todas as unidades localizadas em São Paulo encerrem a temporada nas próximas quatro quinzenas, contadas a partir de 1º de setembro. Três usinas – duas de São Paulo e uma de Minas Gerais – já pararam de moer por falta de cana para colher. Normalmente, a safra do Centro-Sul termina entre o fim de novembro e o início de dezembro.
O Estado de São Paulo já processou 231 milhões de toneladas da matéria-prima até 1º de setembro, cerca de 70% do volume esperado para toda a safra (330 milhões de toneladas). Assim, afirma o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, ainda faltam 100 milhões de toneladas para serem processadas no Estado, o que deverá ocorrer nas próximas quatro quinzenas.
A entidade, que representa as usinas do Centro-Sul, não informou quais usinas já encerraram a safra. Mas o Valor apurou que são elas a Usina Vista Alegre, em Itapetinga (SP), Usina Itaiquara, localizada em Tapiratiba (SP) e a terceira, a Destilaria Atenas, com sede em São Pedro dos Ferros (MG).
Procurada, a Usina Vista Alegre confirmou por e-mail que encerrou a moagem no dia 5 deste mês com 665 mil toneladas processadas, 39,5% abaixo do projetado antes da estiagem (1,1 milhão de toneladas). A empresa informou ainda que essa será sua entressafra mais longa desde que foi fundada, em 1980, e que a condição deve significar algum ajuste do quadro de funcionários.
Em nota, a Usina Vista Alegre avaliou que, caso o regime de chuva seja normal com o início da Primavera, a seca atual não deverá interferir na produção da próxima safra, a 2015/16, quando a empresa espera se recuperar e moer 1,2 milhão toneladas. A reportagem não consegui contato com a Usina Itaiquara ou com a Destilaria Atenas.
Apesar de a moagem no Centro-Sul ter caído 2,86% na segunda quinzena de agosto para 47,412 milhões de toneladas, a expectativa do mercado era de que esse volume ficasse entre 44 milhões e, no máximo, 46 milhões de toneladas, afirma o sócio da consultoria FG Agro, William Hernandes.
No acumulado desde o início da safra até 1º de setembro foram processadas 372,72 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 1,99% sobre as 365,44 milhões de toneladas apuradas no mesmo período de 2013.
Com o etanol remunerando mais as usinas do que o açúcar, foi observada na quinzena uma forte guinada do “mix” para o biocombustível. Isso quer dizer que a quantidade de cana destinada à produção de etanol subiu 3,39 pontos na 2ª quinzena, a 54,69%. No acumulado da temporada, no entanto, esse mix para cresceu apenas 0,10 ponto, a 55,63%.
Com isso, na quinzena a produção de açúcar caiu 6,36%, a 3,023 milhões de toneladas. No acumulado da safra, no entanto, manteve-se em alta, a 20,934 milhões, aumento de 4,36%. Diante da produção ainda elevada no Brasil, o mercado em Nova York reagiu aos números da Unica com desvalorização. Os lotes da commodity para outubro caíram 6 pontos, a 14,88 centavos de dólar por libra-peso.
Já a produção de etanol cresceu 7,54%, a 2,245 bilhões de litros na quinzena, e acumula alta de 4,88% na safra, a 16,152 bilhões. A produção de hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos, foi a que mais cresceu na quinzena, indo a 1,278 bilhão de litros, aumento de 13,87%. A produção de anidro, que é misturado à gasolina, subiu 0,17%, a 966,8 milhões de litros.
(Fonte: Valor Econômico)