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Investimentos dão vida nova a São Sebastião

Das 15 milhões de toneladas de açúcar que a Região Sudeste pretende exportar este ano, uma pequena quantia sairá do Porto de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo. Serão apenas 200 mil toneladas do produto, mas o suficiente para incentivar novos empregos e mexer com a economia da cidade. Dez anos depois do primeiro e único embarque de açúcar pelo porto, a atividade ressurgiu depois da aposta de uma empresa no local.

A Frette e Cargo, especializada em logística, planejou por quase um ano a abertura de uma filial em São Sebastião e viu com bons olhos as vantagens do porto. As taxas portuárias são menores, cerca de 30%, e o tempo de espera para atracar é mínimo se compararmos com o Porto de Santos, afirma o diretor comercial da Frette, Marco Aurélio Dias. Mas precisamos ainda equilibrar outros custos. O equilíbrio significa compensar, de alguma forma, os custos rodoviários. No porto de São Sebastião não há frete de retorno e os caminhões voltam vazios, o que pode encarecer a viagem se não houver planejamento, explica Dias. Em março, a empresa embarcou 14 mil toneladas de açúcar para Bangladesh pelo porto. Este mês, serão mais 14 mil.

Para se fixar no município, a Frette está investindo cerca de R$ 35 milhões e espera conseguir da Dersa (concessionária que administra o porto) uma área de 40 mil metros quadrados para aumentar a capacidade de armazenamento para 18 mil toneladas. Há também grande expectativa quanto às obras de melhoria do novo corredor de exportação anunciado pelo governo do Estado. Esperamos gerar 150 empregos, diz Dias.

No entanto, a investida enfrenta alguns obstáculos, como a falta mão-de-obra qualificada. Estamos dispostos a dar treinamento para estivadores e arrumadores, afirma o diretor da Frette.

De acordo com o presidente do sindicato dos estivadores de São Sebastião, Robson Wilson Santos, a operadora portuária na cidade vai aumentar o volume de serviço. A tendência é de geração de novos empregos, mas acreditamos que isso ainda demore um pouco. O Porto de São Sebastião exporta atualmente carros da General Motors e Volkswagen e importa, entre outros produtos, malte e cevada. No ano passado, o porto movimentou cerca de 360 mil toneladas. Com o açúcar, o volume passará a 560 mil toneladas.

No início do ano, o governo do Estado anunciou investimentos de R$ 7,3 milhões para reestruturar o porto, obra que inclui a pavimentação de pátios, a modernização do sistema de segurança e a construção de plataformas para armazéns.

De acordo com o gerente portuário Paulo Rogério de Souza Almeida, o anúncio deu maior visibilidade ao porto e fez aumentar o interesse das empresas em se instalar em São Sebastião. A procura está intensa. Há desde indústrias de siderurgia e montadoras a produtores de gado e empresas de agronegócio em geral. O investimento total no novo corredor de exportação é de R$ 1,030 bilhão até 2008, sendo R$ 205 milhões bancados pelo Estado, R$ 450 milhões pelas empresas concessionárias e os outros R$ 375 milhões obtidos com a concessão das rodovias SP-65 e SP-70.