Menor oferta no curto prazo faz preço subir 14% em uma semana na bolsa de Nova York. As usinas de açúcar e álcool do Centro-Sul estão renegociando os prazos de entrega de açúcar às tradings, diz um executivo de uma das maiores exportadoras do País. “O rendimento da cana-de-açúcar colhida não está bom, o que tem levado as usinas a destinar a produção para o álcool neste momento”, diz.
Segundo a fonte, as usinas devem atrasar as entregas de maio e parte de junho. “A demanda externa está aquecida no curto prazo, o que dá maior sustentação aos preços”, diz. Nos últimos cinco pregões, os preços do açúcar na bolsa de Nova York registraram alta.
Na sexta-feira, os contratos para entrega em julho foram negociados a 5,59 centavos de dólar por libra-peso, alta de 7,5% sobre o pregão anterior. No acumulado da semana, as cotações estão com valorização de 14,3%. Segundo Alexandre Oliveira, operador da Fimat Futures, além dos rumores de atraso da entrega de açúcar – informação confirmada por uma das principais tradings do País -, o mercado também reage à entrada dos fundos no mercado. Somente na sexta-feira foram negociados 63.675 lotes, o dobro da média diária no pregão. “O mercado tem razões técnicas para subir no curto prazo, considerando que os fundos de commodity podem comprar posições”, diz Oliveira. Há boa procura no mercado físico, com prêmios acima de 100 pontos. “Não houve mudança no cenário de açúcar, com uma produção maior mundial
nesta safra. O que ocorre no momento é que a oferta está apertada”.
Tailândia, um dos grandes produtores mundiais, está fora do mercado. A produção brasileira de açúcar, mesmo antecipada, não está avançada. O Brasil deve produzir em torno de 20 milhões de toneladas de açúcar, 11% a mais sobre 2001. A China também pode ser compradora nos próximos dias.
Segundo Oliveira, a possibilidade de o governo brasileiro aprovar o aumento da mistura do álcool anidro na gasolina dos atuais 24% para 26% contribuiu para pressionar os preços internacionais do açúcar. (Gazeta Mercantil)