Mercado

Cosan, EDP e TAM farão oferta de ações

A companhia aérea TAM, a holding de energia EDP Brasil e a sucroalcooleira Cosan deram a partida para fazer suas ofertas iniciais de ações nos próximos meses. As três empresas já haviam declarado publicamente a intenção, mas a concretização dos planos ainda não tinha horizonte definido.

Mas nos últimos dias as três operações começaram, enfim, a tomar forma. TAM, EDP e Cosan concluíram o processo de seleção dos bancos que irão estruturar suas ofertas de ações.

Com isso, unem-se a Submarino e Localiza, que já estão em estágio mais avançado do processo e devem fazer suas ofertas iniciais ainda no primeiro semestre. Além das estréias, outras companhias já marcaram o seu retorno ao mercado, aproveitando a valorização de seus papéis. É o caso de América Latina Logística, Randon e Ultrapar.

Segundo informações que circulam no mercado financeiro, a TAM optou pela contratação dos bancos UBS e Pactual para coordenar sua oferta tão longamente planejada. A rigor, a sua oferta não é inicial, porque seus papéis preferenciais já estão listados na Bolsa de Valores de São Paulo. No entanto, a liquidez é de 1% do capital da empresa, o que torna a futura operação praticamente uma estréia.

A aérea fez tentativas em duas outras oportunidades. A primeira vez foi em 2001, ano da morte do seu fundador, Rolim Amaro, em que os planos foram atropelados pelos ataques terroristas de 11 de setembro. A segunda tentativa foi em 2002, quando o país mergulhou em crise antes das eleições.

O grupo Cosan, o maior exportador de açúcar do mundo, escolheu a dupla Morgan Stanley e Credit Suisse First Boston. Ambos já haviam coordenado a emissão de bônus no exterior no valor de US$ 200 milhões feita pela empresa em outubro do ano passado. A operação da Cosan era muito esperada no mercado financeiro, porque representa o ingresso na bolsa de um excelente exemplar do setor de agronegócios. Apesar do peso da agricultura na economia do país, hoje praticamente não existem opções para os investidores em ações.

O ingresso da Cosan na bolsa faz parte dos seus planos já anunciados de se tornar a maior empresa de açúcar do mundo. A companhia pretende saltar de um faturamento de US$ 700 milhões, previsto para a safra 2004/05, para US$ 1 bilhão em dois anos.

A EDP Brasil, controlada pelo grupo EDP Portugal, selecionou os bancos UBS, Itaú BBA e Pactual. A portuguesa Caixa Geral de Depósitos também participará da operação em aliança com o Itaú BBA.

O grupo do setor elétrico anunciou em abril de 2004 uma reestruturação societária de suas atividades no país para agrupar os negócios sob a holding EDP Brasil, operação que contou com a assessoria do banco Goldman Sachs. Na ocasião, já havia sido dito que o objetivo era realizar uma oferta de ações da nova holding. A EDP deverá ingressar no Novo Mercado da Bovespa, vendendo ações ordinárias.

Procuradas, TAM e EDP não comentaram as informações. Até o fechamento da edição, não foi possível fazer contato com executivos da Cosan.

No caso da TAM, anúncio do fim do compartilhamento de vôos com a Varig abriu espaço para que o plano de acessar o mercado finalmente fosse deslanchado. A aliança com a concorrente era vista como um fator de incerteza em relação ao futuro da TAM, o que dificultava a venda dos papéis aos investidores. A oferta da aérea deverá ser principalmente primária, ou seja, um aumento de capital que injetará recursos no caixa da empresa para investimentos. Mas também deverá haver venda de papéis dos atuais acionistas.

A oferta da EDP Brasil também deverá passar por um importante aumento de capital para captar recursos para investimentos. Com a abertura de capital da holding, a idéia é que ela passe a ser a única empresa do grupo com cotação em bolsa em substituição às suas controladas Bandeirante Energia, Escelsa e Enersul.

Banner Revistas Mobile