O aumento esperado na produção de álcool nos Estados Unidos deve gerar esse ano um excedente de até 1 bilhão de litros no país, após anos de déficits, fazendo com que os EUA possam exportar, disse nesta terça-feira Christoph Berg, diretor da consultoria alemã F.O.Licht.
“Esse aumento de produção (nos EUA) deve contribuir para uma redução nas exportações do Brasil”, afirmou a jornalistas, durante um seminário em São Paulo.
A expectativa, segundo a Licht, é de que o volume de embarques brasileiros fique em cerca de 1,5 bilhão de litros nesse ano, ante exportações de entre 2,2 e 2,4 bilhões de litros de álcool no ano passado.
Uma esperada redução de compras do produto por parte da índia também deve colaborar para isso, segundo Berg.
A Índia foi um dos principais clientes do álcool brasileiro em 2004, depois de ter colhido uma safra ruim de cana. O país mantém um programa de adição de álcool na gasolina e recorreu a importações para manter a oferta local.
Berg disse que o Brasil precisa repor estoques internos no curto prazo e deve também ter maior demanda interna. Ele acrescentou que o esperado aumento da produção nos EUA deve fazer com que exportações diretas do Brasil para os norte-americanos caiam.
Exportações via Caribe para os EUA devem continuar, mas não de forma tão lucrativa quanto foi até agora.
O analista afirmou que a continuação do excedente da produção nos EUA vai depender das medidas futuras do governo para estimular o consumo interno. Mas acrescentou que o mercado externo continuará sendo uma opção para o Brasil.
“Acho que há oportunidades para os dois países”.
EUA e Brasil têm juntos 80 por cento do mercado mundial de álcool, mas isso deve diminuir nos próximos anos com o desenvolvimento de outros produtores.
Considerando projeções para produção e demanda, incluindo a oferta extra que virá dos investimetos em aumento de capacidade (existem de 15 a 20 unidades sendo levantadas nos EUA e cerca de 40 no Brasil), o excedente mundial de álcool deve chegar a 3,5 a 4 bilhões de litros entre 2006/07 e 2007/08.
Nos próximos anos, segundo Berg, se a demanda não aumentar pode haver redução de rentabilidade no setor.