A companhia Shell defendeu nesta sexta-feira sua decisão de aumentar os preços dos combustíveis, depois do boicote convocado pelo governo argentino para que os consumidores não comprem nos postos de gasolina da companhia petrolífera anglo-holandesa.
A companhia informou, em comunicado, que “a alta progressiva do valor do barril de petróleo cru em escala mundial, atenuada no mercado local pelo impacto das retenções às exportações, tornava inviável sustentar o negócio na Argentina sem uma modificação nos preços dos combustíveis”.
A Shell, que na quarta-feira anunciou um aumento nos preços de combustíveis de 2,6 a 4,2%, disse que os mesmos “respondem estritamente a fatores do mercado global”.
“Dado que, em nosso país, a Shell é uma empresa refinadora e comercializa combustíveis, o preço final destes produtos em nível local sofreu o impacto da alta no valor internacional do petróleo”, explicou a companhia.
Segundo a nota, “o custo da matéria-prima para a Shell aumentou nos últimos três meses em 9,6%, em média, enquanto que o repasse realizado pela companhia aos preços finais de seus combustíveis foi de apenas 3,9% na média, ou seja, só 50% do aumento de seus custos”.
Por outro lado, a empresa afirmou que, “devido à estrutura de preços dos combustíveis na Argentina e ao alto componente impositivo dos mesmos, qualquer aumento de preços tem impacto positivo na arrecadação fiscal” do país.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, que ontem convocou um “boicote nacional” contra a companhia petrolífera, voltou a atacar a empresa hoje.
Por sua parte, o presidente da empresa, Juan José Aranguren, disse que a situação é “difícil, porque (a origem das críticas) não foi um subsecretário, um secretário, nem um ministro, mas o próprio presidente da República”.
A convocação de Kirchner surtiu efeito e hoje vários manifestantes foram a postos Shell para protestar contra o aumento e aderir ao boicote.