Fora dos canaviais, o setor sucroenergético aguarda por uma oportunidade no mercado de energia. Segundo a EPE – Empresa de Pesquisa Energética, o potencial técnico da bioeletricidade da cana é de 8,4 GW médios até 2022, somente com o aproveitamento do bagaço. Se adicionarmos o potencial da palha, esse potencial chega a 22,1 GW médios.
Os números foram divulgados em 2014, ano onde a forte estiagem amedronta a população, principalmente, a paulistana. Em 28 de julho, o nível do Sistema Cantareira estava com 15,7%, mas isso graças à primeira cota de 182,5 bilhões de litros do volume morto, algo que nunca havia sido utilizado.
O problema se estende ao sistema elétrico nacional, já que o mesmo é dependente da participação hídrica, tornando o país vulnerável as condições de chuvas durante o ano. Mais barata e sustentável, a geração de energia elétrica a partir da cana está disponível, precisando, apenas, de diretrizes para sua comercialização.
Segundo o gerente em bioeletricidade da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Zilmar de Souza, a representatividade da bioeletricidade ofertada à rede pelas usinas paulistas poderia chegar a quase 50%, se houvesse uma política de incentivo para investimentos nessa fonte. Para o executivo, na safra passada, o setor sucroenergético de São Paulo ofertou, em média, à rede o equivalente a 24 kWh por tonelada de cana processada. Todavia, com investimentos em reforma do parque gerador e o aproveitamento parcial da palha para a geração, esse indicador poderia ser algo como 100 kWh exportados por tonelada de cana.
“Se isto ocorresse, nossa oferta para a rede seria quatro vezes superior à realizada na safra passada e tudo isto com uma biomassa já existente nos canaviais, apenas promovendo o retrofit [reforma] das usinas e o aproveitamento parcial da palha na geração”, disse ele.