Um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas no mercado financeiro foi o cerceamento do Governo à consultoria Empiricus Research. A empresa que oferece análises de mercado gratuitas pela internet atraiu a atenção da mídia quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a veiculação de dois vídeos promocionais criados pela consultoria, contendo orientações de investimento, com os títulos “Como se proteger da Dilma” e “Quais ações devem subir se o Aécio ganhar a eleição? Descubra aqui, já”.
Felipe Miranda, analista financeiro, sócio da consultoria e autor dos vídeos polêmicos, criou um terceiro vídeo — que circula livremente na internet — intitulado “O fim do Brasil”.
No vídeo, dentre previsões quase que apocalípticas sobre a economia brasileira, Miranda faz uma breve menção ao setor. “O setor de etanol foi simplesmente destruído pelo controle deliberado do preço da gasolina”.
Em entrevista ao JornalCana, o analista faz outras previsões sobre o setor e o futuro da economia brasileira.
JornalCana — O Fechamento de 65 usinas a partir de 2008 é sinal do colapso econômico que foi previsto no vídeo “O fim do Brasil”?
Felipe Miranda — É sinal tanto da questão macroeconômica atual, que prejudica todos os setores, quanto da crise setorial. Desde que coloquei o vídeo no ar, novas evidências desse desarranjo do setor de etanol têm se manifestado.
Por que com Lula o setor ia bem e com Dilma vai mal?
Olha, não sei bem as diferenças entre Lula e Dilma, mas suspeito que primeiro a inflação voltou com mais força no governo Dilma, como consequência de uma má política econômica que começa a ser sentida agora. O excesso de gasto público nos últimos anos vem puxando a demanda agregada em ritmo superior a oferta agregada, isto obviamente ia culminar em inflação. Demorou um pouquinho, começou no governo Lula, degringolou no governo Dilma.
O senhor pode elencar as diferenças da política econômica do Plano Real até 2002 e a partir deste até 2014?
Não há diferença de 1999 até 2009, o ex-presidente Lula até o final de seu mandato fez exatamente o mesmo que o Governo FHC, manteve o tripé macroeconômico, com câmbio flutuante, metas de inflação bem definidas e percebidas e políticas fiscais austeras.
A partir 2009, com o estouro da crise americana, o governo tentando reduzir os impactos no Brasil muda o tripé para a chamada nova matriz econômica, com três pontos fundamentais: busca por juros baixos, busca de câmbio competitivo e aumento da participação do Estado na economia. Assim as três pernas do tripé são desrespeitadas a partir desta nova matriz, pois gerou aumento da inflação, interferência do câmbio e abandono das regras fiscais, com um governo que gera elevados gastos.
A entrevista completa você acompanha na edição 248 do JornalCana.