A Petrobras teve lucro líquido de 4,959 bilhões de reais no segundo trimestre do ano, queda de 20 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior, com forte aumento das despesas e menores ganhos com desinvestimentos, informou a companhia nesta sexta-feira.
O resultado ficou muito abaixo das expectativas de analistas ouvidos pela Reuters, que estimavam elevação do lucro para 7,04 bilhões de reais. Em relação ao primeiro trimestre do ano, o lucro recuou 8 por cento.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, somou 16,25 bilhões de reais entre abril e junho deste ano, abaixo da estimativa de 17,2 bilhões de reais e queda de 10,2 por cento frente ao mesmo período do ano passado.
As despesas totais (vendas, gerais, administrativas, custos exploratórios, em pesquisas, entre outros gastos operacionais) aumentaram em 2,8 bilhões de reais, ou 38 por cento, para 10,17 bilhões de reais.
Já a receita de vendas subiu 11,8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, para 82,3 bilhões de reais, com preços dos combustíveis maiores, enquanto o custo dos produtos e serviços vendidos subiu 15,2 por cento.
Dentre as despesas, os custos exploratórios para extração de petróleo e gás subiram 49 por cento, para 1,8 bilhão de reais, enquanto a linha “outras despesas operacionais líquidas” aumentou em 12 vezes, para 2,1 bilhões de reais.
A Petrobras teve perdas por baixas de poços comerciais ou subcomerciais e de ativos, por devolução de campos.
Os ganhos com desinvestimentos caíram em 3 bilhões de reais no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior, para apenas 185 milhões de reais.
A empresa ainda amargou um aumento de 55 por cento no prejuízo na Área de Abastecimento, de 3,9 bilhões de reais, devido à política do controle de preços dos combustíveis que mantém a defasagem nos valores de venda da Petrobras ante o mercado externo.
“Em paralelo aos aumentos de produção e redução de custos, buscamos a convergência dos preços de derivados no Brasil com os preços internacionais”, reafirmou a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, em comunicado, ressaltando que o fim da defasagem dos preços é necessário para que o nível de alavancagem da empresa recue aos limites impostos pelo Conselho de Administração.
Em relação ao primeiro trimestre, o prejuízo da área de Abastecimento caiu quase 20 por cento, “devido à redução do dólar frente ao real (6 por cento) e a maior produção de derivados (3 por cento)”, disse a empresa.
A produção total da Petrobras subiu 1,8 por cento, para 2,6 milhões de barris de óleo e gás por dia, sempre na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. A empresa reafirmou sua meta de aumentar a produção em 7,5 por cento neste ano em relação a 2013. [nL2N0QF015]
As importações de derivados de petróleo, que minam o desempenho da área de Abastecimento, subiram 54 por cento, para 407 mil barris por dia no segundo trimestre na comparação anual, para atender o crescimento da demanda interna por combustíveis.
Nessa situação de demanda interna elevada, com maior processamento doméstico, as exportações de petróleo caíram 14,8 por cento no segundo trimestre frente ao mesmo período de 2013, para 138 mil barris/dia. Na comparação com o trimestre anterior, houve queda de 29 por cento das exportações de petróleo.
Investimento cai; alavancagem sobe
Os investimentos da companhia caíram 6 por cento no primeiro semestre, para 41,5 bilhões de reais, na comparação com o mesmo período do ano passado, puxado principalmente pelo recuo de 34 por cento no total investido na área de Abastecimento, enquanto o total aplicado em Exploração e Produção subiu 12 por cento no período.
O indicador de Endividamento Líquido/Ebitda ajustado caiu para 3,94 vezes ao fim do segundo trimestre, ante 4 vezes no primeiro trimestre. Essa relação estava em 3,52 por cento no fim do ano passado.
Já a alavancagem subiu para 40 por cento ante 39 por cento ao fim de 2013 e do primeiro trimestre deste ano.
Tais indicadores, que preocupam o mercado, estão acima do que a Petrobras considera como o adequado do ponto de vista de financiabilidade de seu plano de investimentos 2014-2018, de 220,6 bilhões de dólares.
O programa divulgado no início do ano previu retorno dos indicadores aos “limites” da empresa em até 24 meses, para uma alavancagem menor que 35 por cento e relação dívida/Ebitda menor que 2,5 vezes.
Fonte: Reuters