Mais um setor corre o risco de ser prejudicado pela política do governo Dilma de subsidiar os preços da gasolina: a petroquímica.
Para reduzir a importação de gasolina, a Petrobras está utilizando nafta produzida localmente para fabricar o combustível e importando mais nafta para abastecer a indústria petroquímica. A operação pode encarecer os custos da nafta em de 5% a 10%.
Para a Petrobras, é melhor importar nafta do que gasolina, porque, no primeiro caso, o produto segue os preços internacionais.
Já no caso da gasolina, os preços internos são mais baixos que os do produto importado, gerando perdas para a estatal.
Nafta e gasolina são produtos muito parecidos. A Petrobras está misturando nafta com álcool para fabricar a gasolina. O resultado é o mesmo para o consumidor.
O problema é que acaba faltando nafta produzida localmente para a petroquímica e a saída é importar.
A indústria teme que a alta da nafta provoque um efeito em cadeia nos custos: compostos petroquímicos são matéria-prima para vários setores, como plástico, brinquedos e químicos.
De acordo com estudo da consultoria Maxiquim, a mais conceituada do setor, a nafta importada vai responder por 70% do produto utilizado no Brasil neste ano –30% importados pela Braskem, central que concentra quase toda a produção petroquímica, e 40% pela própria Petrobras.
No ano passado,a nafta importada já representou 63% do insumo utilizado no país. Em 2000, esse porcentual estava em 30%. O crescimento da importação acelerou a partir de 2008, após medidas do governo de estímulo à compra de carros, o que elevou o consumo de gasolina.
“O setor petroquímico está sendo prejudicado em um momento crucial da sua competitividade, quando perde investimentos para os Estados Unidos, que possui um custo de produção mais baixo por causa do gás de xisto”, diz João Luiz Zuñeda, sócio da Maxiquim.
Queda de braço
O aumento das importações de nafta gerou uma queda de braço entre a Petrobras e a Braskem. As duas gigantes estão renegociando os preços da nafta e não conseguem chegar a um acordo. O contrato, que é de longo prazo, expira em agosto.
Segundo apurou a Folha, a Petrobras quer repassar os custos logísticos da importação da nafta para o preço, o que significaria um reajuste de 5% a 10%.
A Braskem não concorda e diz que o contrato já é referenciado nos preços europeus, que são os mais altos do mundo.
Os números da briga são superlativos. A Braskem compra cerca de R$ 14 bilhões em nafta da Petrobras. Um reajuste de 5% significa R$ 700 milhões a mais.
A Braskem informou que está “empenhada em contratar uma solução com a Petrobras para o fornecimento de nafta, que garanta a competitividade da indústria química e petroquímica brasileira”.
A Petrobras não comentou. A estatal é sócia da Braskem, com 36% do capital. O outro sócio é o grupo Odebrecht.
(Fonte: Folha de S. Paulo)