As usinas de Pernambuco e Alagoas, os dois principais Estados produtores de cana do Nordeste, processaram cerca de 70 por cento da safra prevista até o momento, informaram os sindicatos locais nesta quarta-feira.
O tempo seco na região tem permitido uma moagem acelerada, mas também afetado a produtividade dos canaviais, podendo reduzir o volume disponível de cana no ano-safra.
“Em Pernambuco, temos uma safra com um perfil muito parecido ao da anterior. A produção está bem semelhante”, disse Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar) do Estado.
Até 15 de janeiro, foram moídas 13,5 milhões de toneladas de cana em Pernambuco –o equivalente a 77 por cento da safra prevista–, com produção de 1,19 milhão de toneladas de açúcar e 300 milhões de litros de álcool.
Os números são praticamente iguais aos registrados um ano antes, com exceção do álcool, que é 3 a 4 por cento superior, segundo Cunha.
Em Alagoas, maior produtor de cana da região Nordeste, a moagem atingiu 18,04 milhões de toneladas até 31 de dezembro (último dado disponível) –cerca de 66 por cento da safra–, ante 17,05 milhões de toneladas em igual época da temporada anterior, conforme o Sindaçúcar alagoano.
O volume produzido de açúcar ficou em 1,59 milhão de toneladas, frente a 1,53 milhão em 31 de dezembro de 2003. No álcool, a produção foi de 427,8 milhões de litros, ante 391,9 milhões.
ESTIAGEM COMPROMETE PRODUTIVIDADE
A falta de chuvas no Nordeste desde novembro já compromete a produtividade das áreas ainda não colhidas, segundo os sindicatos, o que deve reduzir o total de cana disponível para moagem nesta temporada.
“A nossa expectativa antiga, de 28 milhões de toneladas, já era, com a seca”, disse Jorge Sandes, técnico do Sindaçúcar Alagoas, que agora prevê 27 milhões de toneladas. “Já estamos preocupados com a safra do ano que vem.”
Cerca de metade da cana produzida em Alagoas é irrigada. A moagem no Estado deve acabar até o fim de março, mas algumas unidades vão parar ainda em janeiro.
Pernambuco, por sua vez, espera moer 17,5 milhões de toneladas, volume semelhante ao da safra passada, mas inferior às cerca de 19 milhões de toneladas projetadas inicialmente.
Oficialmente, a safra do Nordeste começa em setembro, e a moagem acaba normalmente em março.