“Indicadores sociais”, como o termo deixa bem claro, mostram a situação de desenvolvimento humano do planeta, de um país ou de uma região e servem como modelo de comparação. E podem indicar até mesmo a situação de uma simples residência, já que os melhores indicadores são necessidades humanas básicas como luz, água, esgoto e combustível para aquecer e cozinhar.
Alguns podem ser vistos até do espaço. Por exemplo, uma imagem noturna da Coreia mostra sua parte norte -comunista- no escuro, enquanto a parte sul -capitalista- parece uma árvore de natal de tão iluminada. A metade sul da península é desenvolvida economicamente e produz muita eletricidade; a outra metade é algo primitivo que vive literalmente tempos sombrios.
Um dos melhores indicadores da “saúde” sócio-econômica dos diferentes países e suas regiões é o saneamento básico. Prover água potável e tratar esgoto, além da coleta adequada de lixo, é fundamental para evitar doenças, notadamente as infecciosas. O Brasil poderia estar em melhor situação nesse indicador real de saúde pública. Mas não está.
Falta água em muitos países do planeta. Israel e Síria chegaram a trocar tiros quando os sírios tentaram desviar as águas do rio Jordão, fundamental para os israelenses.
Já o Brasil é o país que tem a maior concentração de água doce do planeta. Mas a maior parte está na Amazônia, onde o consumo é menor, enquanto que a grande maioria da população está no resto do país, especialmente no Sudeste.
Mas desperdício e falta de planejamento contam mais na crise de saneamento brasileira. A perda de água na distribuição no estado de São Paulo atinge incríveis 34,2%. O Acre é o recordista de perda, com ainda mais incríveis 60%. Mas a população acreana é bem menor, e água não falta na Amazônia.
A maior parte da população brasileira tem acesso a água potável. Isso certamente contribui para diminuir a incidência de doença. Mas o esgoto não tratado faz o problema voltar.
“O Brasil ocupa a 112ª posição num ranking de saneamento entre 200 países”, segundo estudo recente patrocinado pelo Instituto Trata Brasil e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
“A parcela da população brasileira com acesso à coleta de esgoto passou de 40,6% para 48,7% entre 2009 e 2013. Nesse período, a população com acesso ao saneamento cresceu de 78,6 milhões de pessoas para 97,9 milhões de pessoas (aumento de 24,6%). A despeito dos avanços, o número de moradias sem acesso ainda é enorme e o desafio da universalização é cada vez maior”, diz o estudo, coordenado por Fernando Garcia de Freitas, da consultoria econômica Ex Ante.
“No Brasil, ainda ocorrem cerca de 340 mil internações por doenças infecciosas associadas à falta de saneamento, com mais de 2 mil mortes (dados de 2013)”, afirmou Freitas na introdução da pesquisa.
São 32 países que participam da Copa do Mundo de futebol no Brasil este ano. Se a Copa fosse de saneamento básico, o Brasil ficaria em 25º lugar e cairia ainda na primeira fase. Foi essa a comparação feita pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. A seleção campeã seria a Alemanha, seguida pela França.
(Fonte: Folha de S. Paulo)