Mercado

Atenuam-se as pressões inflacionárias

A forte queda do IPCA – índice que mede a inflação oficial – de 0,69%, em agosto, para 0,33%, em setembro, contribui para reduzir o temor de um agravamento das tensões inflacionárias no último trimestre, apesar de a Petrobrás vir adiando uma decisão sobre os preços da gasolina e do óleo diesel. Não foi apenas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, que declinou, mas também outros índices, como os calculados pela Fipe e pela FGV, alguns dos quais usados na correção das tarifas de preços administrados.

O arrefecimento do IPCA, em setembro, decorreu da desaceleração dos preços dos combustíveis e, principalmente, da queda de 0,19% nos alimentos.

Declinaram os preços da cebola (-17,43%), do tomate (-15,90%) e das hortaliças (-9,24%), além de itens de amplo consumo popular, como farinha de mandioca, feijão carioca e arroz. Em contraste, aumentaram as tarifas do telefone fixo (+3,13%) e de água e esgoto, principalmente na região metropolitana de São Paulo.

Preços influenciados pelo câmbio – em setembro, a desvalorização do dólar frente ao real foi de 2,66% – também contiveram o aumento da inflação. E, salvo açúcar e café, declinaram os valores das commodities agrícolas no mercado internacional, caso da soja, do milho e do trigo.

Entre as pressões de alta, registre-se a elevação de 0,40%, em agosto, para 0,86%, em setembro, dos preços dos bens duráveis. Mas mesmo nesse caso há atenuantes, pois a Sondagem Industrial da Indústria de Transformação, da FGV, que é trimestral, mostra que diminuiu de 45%, em julho, para 36%, em outubro, o porcentual de empresas que pretendem aumentar seus preços neste trimestre.

A decisão de moderar os reajustes é confirmada, indiretamente, por outros indicadores. A primeira prévia do IGPM de outubro, da FGV, divulgada quinta-feira, mostrou aumento de apenas 0,05% nos preços, contra 0,35%, na primeira prévia de setembro. Evoluções menores de preços também foram registradas no IPC da Fipe, no IGP-DI e no INCC, da FGV.

A inflação oficial, em setembro, foi a menor desde outubro de 2003, quando atingiu 0,29%. Mas a evolução dos preços em períodos mais longos ainda é elevada. Nos últimos 12 meses, até setembro de 2004, o IPCA aumentou 6,7% e, nos primeiros nove meses do ano, subiu 5,49%.

O principal é que diminuem os riscos de descontrole inflacionário. Tenderá também a ser menor a pressão para que o Copom eleve os juros básicos, o que sempre estimula altas nos já elevadíssimos juros reais dos empréstimos, em detrimento da recuperação econômica em curso.