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Com quebra e defasagem, PB encerra safra

Com quebra e defasagem,  PB encerra safra

2008-03-12 Canavial Usina Japungu

A produção de cana-de-açúcar da safra 2013/2014 da Paraíba encerrou a temporada com 5,16 milhões de toneladas atravessando período de seca, chuva em excesso e preços baixos, segundo levantamento da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan). Os aproximados 1.800 fornecedores ligados à entidade contabilizaram um resultado final de 2,08 milhões de toneladas. A quantidade moída pelos fornecedores ligados à Asplan foi inferior ao total contabilizado na safra 2012/2013, assim como a moagem da cana própria de usinas e de seus respectivos acionistas, segundo a Asplan. O processo de moagem no estado foi iniciado em setembro do ano passado e terminou no começo de maio deste ano.

“Essa foi uma das piores safras que acompanhei nos últimos anos”, desabafa o pesquisador da Universidade Federal Rural do Pernambuco (UFRPE), Francisco Dutra Melo, que também é o químico responsável pelo trabalho desenvolvido durante a safra junto à Asplan.

Segundo ele, além do preço da matéria-prima ter ficado defasado em relação aos custos de produção, a questão climática influenciou muito no comprometimento da produção local. “Tivemos seca no período agrícola e níveis de precipitação elevados durante a época do processamento industrial”, destaca Dutra.

Para Dutra, o preço ruim e o efeito climático fizeram estragos na produção. “Contabilizamos uma perda de cerca de 10 kg de açúcar por tonelada de cana fornecida e isso é muita coisa no computo geral da safra”, destaca Dutra.

Recentemente, representantes do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) estiveram na Asplan para colher dados e informações sobre custos de produção da cana-de-açúcar no estado e constataram que a diferença do custo de produção da tonelada de cana frente ao que se recebeu pela matéria-prima, entre 2012 e 2014, atingiu a marca de R$ 30,00 de defasagem.

Segundo o coordenador do Departamento Técnico da Asplan (Detec), Vamberto Rocha, o custo para se produzir uma tonelada de cana-de-açúcar na Paraíba, atualmente, é de R$ 93,00, enquanto que a média recebida pelo fornecimento da mesma quantidade da matéria-prima, pelo sistema Consecana, correspondente ao período de agosto 2013 a março de 2014, foi de apenas R$ 63,00. “Trabalhamos com uma diferença negativa de cerca de R$ 30,00”, lamenta Vamberto.

Ele explica que para tentar equilibrar receita e despesa, o produtor canavieiro, nos últimos anos, tem diversificado a cultura, está cada vez mais endividado, diminuindo o uso de tecnologias e se valendo do adiantamento das indústrias e do pagamento da subvenção para sobreviver. O custo de produção engloba o valor da mão de obra, dos insumos utilizados e os custos com a colheita da cultura.

As perdas, segundo o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, estão diretamente relacionadas às questões climáticas e ao preço defasado da matéria-prima. “Desde 2012 que convivemos com a seca e isso tem provocado um desarranjo na nossa produção que sofre com a falta de brotação e a morte de diversas soqueiras, um quadro que vem se repetindo com mais ênfase nas duas últimas safras”, destaca Murilo Paraíso, lembrando que a situação é crítica.

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