O etanol da nova safra de cana-de-açúcar já chega ao mercado e provoca uma forte queda nos preços do produto na porta da usinas. Nos últimos 30 dias, a queda do álcool hidratado, o que vai diretamente no tanque do veículo, somou 16%.
Mas esse recuo de preços nas usinas chega lentamente aos postos de abastecimento. Em 30 dias, o preço caiu só 2,4% nos postos de abastecimento de São Paulo, conforme pesquisa da Folha em 50 postos da cidade.
Essa movimentação dos preços já foi o suficiente, no entanto, para o etanol voltar a ser mais competitivo do que a gasolina para os consumidores paulistanos.
A pesquisa da Folha apontou preço médio de R$ 2,018 por litro de etanol, ante R$ 2,913 do da gasolina. Nesses patamares, o percentual do preço do derivado de cana recua para 69% em relação ao do derivado de petróleo.
Pesquisas indicam que, em média, quando o álcool vale 70% ou menos do que a gasolina, é vantajoso ao consumidor abastecer com álcool. Esse percentual pode ser menor ou maior, dependendo do modelo do veículo.
“Esta será uma safra difícil e de muitas variáveis”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (entidade que congrega os produtores de etanol, açúcar e energia).
Na melhor das hipóteses, a oferta de etanol ficará igual à de 2013, mas a demanda pelo combustível cresce devido ao aumento da frota.
O cenário, portanto, não é favorável aos consumidores, que não terão o preço do combustível baixando para até 65% do da gasolina, como em safras anteriores.
Complicado também será para a Petrobras, que, com a eventual redução de produção de etanol e o aumento de demanda por combustíveis, terá de elevar as importações de gasolina neste ano.
Prevista inicialmente em 580 milhões de toneladas, a produção de cana-de-açúcar não atingirá mais esse volume devido ao veranico neste início de safra.
O cenário fica ainda pior se no início do segundo semestre for confirmada a ocorrência do El Niño. A chuva não permitirá que as máquinas saiam a campo para a colheita, segundo Padua.
Se a queda de preços ainda não favoreceu os consumidores, continua afetando o caixa das usinas. O diretor da Unica diz que o recuo médio de R$ 0,10 por litro na usina, no mês passado, provocou uma queda de R$ 160 milhões nas receitas das empresas, em relação a março.
Sem condições de armazenar esse combustível e pressionadas pelos custos, as usinas são obrigadas a colocar o etanol no mercado.
(Fonte: Folha de S. Paulo)