A cana-de-açúcar distribui muito mais renda do que o açúcar-de-cana porque existem muito mais produtores de cana do que produtores de açúcar. Isto a grosso modo.
Assim, quando sobe a renda do produtor de cana, medida pela remuneração, pelo preço da tonelada, irriga-se o mercado consumidor com possibilidade de se ter mais vendas no varejo – vendas à vista – e mesmo mais depósitos remunerados em banco.
A disputa aí fica resumida ao duelo entre o gerente do banco e o gerente da loja. No ano passado, em nossa região, o preço médio recebido pelo produtor por tonelada de cana iniciou janeiro em alta e foi caindo, sistematicamente, até chegar no fundo do poço em dezembro. No corrente ano de 2004, os preços iniciaram em janeiro mais ou menos nos níveis e no patamar que se situavam em dezembro de 2003. E, gradativamente, começaram a subir.
Atingiram um bom valor no corrente mês de setembro, principalmente na segunda quinzena e deverão, em outubro, estar quase num pico excelente. Como se vê, os preços fizeram uma trajetória contrária. Começaram o ano de 2004 em baixa e deverão encerrá-lo em alta.
Com isto, mais renda deverá estar irrigando a região. As possibilidades de esta renda a mais, este plus, em cotejo com o ano passado, virar consumo depende da capacidade do varejista.
O que é, afinal, o desenvolvimento econômico senão o estado de espírito caracterizado pela entronização do supérfluo como necessário? O marketing e seu instrumento poderoso, a publicidade, tem por finalidade criar necessidades desnecessárias. E criar desejos no consumidor. O mercado é o ponto de intersecção da renda da economia com a ansiedade da psicologia. Cruzando ambas podem-se ter vendas de fim de ano em níveis satisfatórios.
A cana já estará oferecendo a renda.
Resta aos profissionais do varejo, aos profissionais de marketing, fazerem sua parte.
Nós, de nosso lado, pretendemos registrar o ocorrido. E com satisfação. (Antônio Vicente Golfeto)