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Ecoparque usa biomassa para gerar energia

Enquanto o País corre para agilizar a implantação de um novo modelo para o setor elétrico, alternativas para geração de energia surgem com a função atender a demanda dos Estados. O Ecoparque Porto Alegre é um projeto inédito no País voltado para o desenvolvimento de energia “limpa” utilizando biomassa (captação resíduos orgânicos como fonte combustível).

O modelo baseia-se em cases de sucesso na Europa e a idéia é que se realize numa mesma planta tratamento adequado dos resíduos, geração de energia, produção de composto orgânico para agricultura e geração de trabalho e renda.

O estudo foi feito por uma comissão que contou com a participação da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE ), Eletrobrás e Prefeitura de Porto Alegre.

A próxima fase é o debate público e captação de recursos, que somam a quantia de R$ 180 milhões. Se o cronograma do projeto for cumprido a termo, a previsão para a planta entrar em funcionamento é 2008.

Para o assessor da presidência da Eletrobrás, Paulo Coutinho, o projeto chega num momento excelente. “O Ecoparque é uma contribuição para o País e o planeta.

Trata-se de uma iniciativa inédita. Vivemos um problema com as questões ambientais e isso preocupa a todos. Esse projeto é um modelo que poderá ser aplica-lo em outras capitais”, argumenta.

O destaque para a questão ambiental é importante, pois 420 mil toneladas por ano deixam de ser aterradas e entram no processo de reciclagem, gerando receita e emprego. Diariamente são 690 toneladas de lixo jogado no planeta.

O coordenador geral do projeto, Alessandro Barcellos, também destaca a importância da análise em diferentes fatores: econômico, social e financeiro. “Fomos conservadores nos números para chegar a um estudo sério.

Do ponto exclusivamente da geração de energia, não é o projeto mais barato”, explica. Contudo, agrega benefícios sociais. Ao optar por uma planta semi-mecanizada visamos aproveitar mais mão-de-obra no projeto. Serão abertas em torno de 1000 frentes de trabalho.

“Mostramos que é possível desenvolver um projeto em menos de 1 ano. O desafio agora é colocar o projeto em prática”, afirma o diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Arnaldo Dutra, referindo ao debate público e a captação de investimentos.

Um dos argumentos é a aplicação de projetos semelhantes pesquisados na Europa. Uma equipe visitou diferentes unidades na Europa com a finalidade de trazer essas experiências.

A geração de energia através da biomassa no Velho Mundo saltou de 1.037 milhão de toneladas/ano para 2.533 milhões toneladas/ano, ou seja, um crescimento de 150%. Espanha e Alemanha são os maiores utilizadores dessa tecnologia.

“Nós vamos discutir com a sociedade. Aquilo que era uma necessidade social se mostrou, também, uma alternativa economicamente”, argumenta o presidente da CGTEE, Julio Quadros.

A empresa recentemente “reciclou” os equipamentos da Usina Termelétrica de São Jerônimo e utilizará a queima com multi-combustível em uma das sua caldeiras, técnica desenvolvida no estado. “Pretendemos ser referência na produção de energia térmica”, diz Quadros.