A Energia do Etanol destinada a veículos leves foi criada e difundida em escala, notadamente em meados dos anos 1970, quando o Brasil não contava com reservas de petróleo, época em que se iniciavam os perversos sobressaltos de preço da energia fóssil, com a formação dos cartéis internacionais da venda. O País, com a união de honrados homens públicos e privados, criou “O PROÁLCOOL”, o maior Programa de Energias Limpas do globo, conferindo-se ao Estado uma economia substancial de divisas nas importações, além de impactos ambientais consistentes nesses anos todos, tendo sido retirados da atmosfera, anualmente, mais de 46 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa, favorecendo-se a qualidade de nosso ar e, por consequência, a saúde pública.
Foram também gerados muitos empregos agroindustriais, onde consolidou-se um agricluster de distribuição de Renda e Tributos, que só no Nordeste, região que representa apenas de 8 a 10% da Produção Nacional Sucroenergética, envolvendo mais de 200 municípios, com cerca de 300 mil empregos diretos e formais, além de mais de 20 mil produtores independentes de cana-de-açúcar. São ativos muito preciosos para estarem ameaçados, inclusive com diminuições significativas de faturamento, ainda hoje estimado em mais de R$ 70 bilhões por ano-safra no País.
Contudo, o Governo Federal vem praticando, desde 2009, uma Política de Precificação da Gasolina Extrativista, a quem cabe equivocadamente balizar os preços do Etanol Limpo e Renovável, totalmente voltada a danoso artificialismo tarifário, acarretando-se aos produtores da indústria de cana-de-açúcar prejuízos contundentes. Na safra 2014/2015 estima-se que no Centro-Sul cerca de 44 usinas não entrarão em operação e, aproximadamente, 55 delas estão em recuperação judicial.
O especialista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura RJ, alerta para o iminente e possível desmonte do Etanol e até da Petrobras, forçada a importar gasolina a preços adversos. O renomado professor conclui que as Agências Norte-Americanas de Energias em seus estudos, no ano de 2000, atestam que as usinas de etanol dos Estados Unidos produziam apenas 57% daquelas instaladas no Brasil, situação onde, em 2011, já atingia a 230%. Evidente que, apesar de reservas de petróleo robustas, os Estados Unidos, por decisão de Soberania em Política de Combustíveis, investem fortemente na diversificação de Matriz Energética, sendo o tema encarado com total prioridade, quando se trata do futuro daquele país.
A dependência apenas da Gasolina como Fonte deve ser evitada, principalmente em países que podem consolidar os biocombustíveis pela ótica da geração de impactos ambientais positivos para o planeta. Em 2009, numa avaliação geral das indústrias sucroenergéticas em seus valores patrimoniais básicos, oriunda de negociações de alienação de controles acionários, concluía-se que uma usina “Padrão Standard” era avaliada em torno de U$ 130,00 a 140,00 por capacidade instalada, enquanto nos dias de hoje esses valores podem até se situar naqueles níveis, dependendo de outros fatores atrativos nas empresas, porém em média, segundo especialistas, giram em torno dos U$ 80. Ora, se são 450 empresas no Brasil, o prejuízo imposto ao segmento pode atingir a números em torno demais de U$ 40 bilhões, cifra que deverá ser objeto de demandas em indenizações, exatamente por se tratar de um segmento onde a precificação de suas vendas passou a constituir-se em “Economia Dirigida”, sem, no entanto, existirem correções de tarifas, num verdadeiro pseudo mercado livre, tutelado em seus fundamentos, que sofrem pesados ônus por parte de órgãos integrantes do “Estado-Guardião”, desde o Ministério da Agricultura, passando pela Agência Nacional do Petróleo, diversos outros ministérios e uma série de órgãos e autarquias, num cipoal representativo da imensa burocracia onerosa, que apenas procura imputar exigências, sem, contudo, disponibilizar as políticas públicas correlatas.