A afirmação é do deputado Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, economista e professor universitário aposentado. Ele diz que “a volatilidade dos preços dos combustíveis é um importante fator de inibição do crescimento econômico”.
Esta realidade é encontrada internamente em nosso país, no que toca às empresas. Mas é encontrada também externamente em outros países. E é o que tem provocado a possibilidade não pequena de empresas do ramo químico principalmente deslocarem-se dos Estados Unidos, notadamente do Estado de Louisiana, para países da Ásia onde o preço do gás natural é mais barato. E não apenas mais barato: muito mais barato.
Vejamos.
Enquanto o gás natural é vendido nos Estados Unidos a cinco dólares o milhão de BTUs, em Trinidad y Tobago o mesmo milhão de BTUs de gás é comprado por menos de um dólar.
No segmento químico o gás entra também como matéria prima e não apenas como modalidade de energia o que tem evidenciado que não somente mão-de-obra mais barata mas também insumo como energia com menor preço tem sido fator de atração ou de perda de empresa, conforme seu preço.
O Estado de São Paulo recentemente inaugurou o que se pode dizer ser uma nova fase de seu desenvolvimento econômico quando descobriu reservas ainda não totalmente inventariadas de gás natural na baia de Santos.
O que é bom para o Estado de São Paulo pode não ser bom para a nossa região. O gás natural tem como uma de suas modalidades de uso o gás natural veicular (g.n.v.) que já é cocorrente sério do álcool. Motoristas de táxi têm feito a conversão do motor – que custa menos de R$ 1.5 mil – o que gerou um novo desenho no consumo dos combustíveis usados em veículos automotivos. Economicidade foi a determinante da opção.
Este debate vem à tona exatamente num momento em que: 1- o estoque de passagem de álcool da região centro-sul do Brasil, o nordeste paulista incluído, atinge quantia 1,5 bilhão de litros provenientes da safra atual; 2- o preço recebido pelo produtor atinge níveis muito baixos; 3- embora o consumidor não esteja tendo a mesma redução na bomba dos postos, os preços já têm sido de tal maneira atraentes que têm provocado o crescimento da mistura rabo-de-galo caracterizada por maior participação do álcool no total de combustível com que se abastece o veículo.
Os veículos bicombustíveis, muito mais seguros para o consumidor, serão tanto mais procurados quanto mais o consumidor perceber que o uso de álcool compensa.
A guerra no mercado aumenta. Entrou e vai entrar mais firme um novo ator – o gás natural veicular – que vai ser um dos itens da era do gás no Estado de São Paulo.
E quem guerreia fica mais forte.
Às vezes, os atuais preços recebidos pelo produtor de álcool, considerados desestimulantes, sejam de fato a única saída para que o produto consiga subsistir num mercado que, com a entrada do gás natural veicular (g.n.v.), será ainda mais difícil. Quem sabe?
Dizem que há males que vêm para o bem.