Os preços do açúcar atingiram ontem, no mercado interno, a maior cotação (em valores nominais) dos últimos 12 meses. A saca de 50 quilos fechou a R$ 29,64, em São Paulo, de acordo com levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O movimento é de alta em plena colheita de cana no Centro-Sul do país. Os preços do açúcar foram sustentados pelo clima chuvoso, no início da safra, e ainda mantêm o suporte por conta da valorização dos preços no mercado internacional, segundo Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento.
Até o início deste ano, o açúcar era considerado um grande azarão, uma vez que todas as previsões de analistas apontavam tendências baixistas para a commodity. As perspectivas atuais são altistas, reforçadas pela quebra de produção de açúcar da Índia e da China, além das condições climáticas adversas no Brasil.
Segundo Alexandre Mourani, da Ágora Senior, a boa demanda por álcool também ajuda a dar suporte aos preços do açúcar. “Hoje é mais fácil encontrar açúcar do que álcool no mercado interno, mas um produto sustenta o outro”, disse o operador.
A demanda das indústrias de alimentos e bebidas por açúcar continua aquecida, afirmou Martins Borges. As negociações do produto no mercado internacional também mantêm fluidez. As projeções são de que o Centro-Sul exporte nesta safra, a 2004/05, cerca de 13 milhões de toneladas, 8% acima em relação ao ciclo 2003/04, segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). “O produto tem destino garantido, tanto no mercado interno como no externo”, observou Borges.
Nesse cenário, o açúcar continua mais remunerador que o álcool, tendência observada desde o início do ano. O açúcar para o mercado internacional paga melhor que o negociado no mercado interno, observou Miriam Bacchi, pesquisadora do Cepea.
A expectativa dos analistas é de que os preços futuros do açúcar mantenham-se altistas neste segundo semestre. “As perspectivas indicam que as cotações possam romper a barreira dos 10 centavos de dólar”, disse Mourani. Os contratos de março de 2005 fecharam, ontem, cotados a 8,81 centavos de dólar, na bolsa de Nova York.