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Petróleo: preços batem novos recordes com incertezas no mercado

Em Nova York, barril chegou a ser cotado a US$ 43,85 na sexta-feira. O preço do petróleo voltou a alcançar recordes no mercado internacional na sexta-feira, em virtude da apreensão de o suprimento proveniente dos principais exportadores do mundo ser interrompido no momento em que o consumo de combustível cresce.

As remessas de óleo são ameaçadas por uma batalha legal entre o governo da Rússia e a maior exportadora de óleo do país, a Yukos, pelos ataques à infra-estrutura na Arábia Saudita e no Iraque e pela agitação civil na Nigéria e na Venezuela.

O preço do óleo avançou pela quinta semana consecutiva, sendo a primeira vez que isso ocorre em mais de um ano. “Não resta muito mais capacidade produtiva no mundo”, disse Michael Fitzpatrick, corretor da Fimat USA, em Nova York. “A menos que as economias dos Estados Unidos, União Européia e da China desacelerem consideravelmente, teremos em breve limitações de capacidade.”

O contrato do óleo tipo WTI para entrega em setembro subiu US$ 1,05, ou 2,5%, fechando em US$ 43,80 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York, ultrapassando o preço recorde de fechamento de US$ 42,90, que havia sido registrado na quarta-feira.

Os contratos futuros chegaram a ser cotados a US$ 43,85 o barril durante o pregão, o mais alto preço em um único dia desde que a negociação foi iniciada em Nova York, em 1983. O preço do óleo registrou alta de 5% na semana passada e de 18% no mês passado. Os preços estão 43% maiores do que um ano antes.

Em Londres, o contrato do óleo bruto tipo Brent para entrega em setembro subiu 78 centavos, ou 2%, fechando em US$ 40,03 o barril na Bolsa Internacional de Petróleo, o mais elevado preço de fechamento desde 9 de outubro de 1990, quando as forças do Iraque ocuparam o Kuwait. Os preços acumularam alta de 4,6% na semana passada.

Kremlin quer controlar setor

Na quarta-feira, a Yukos informou que suas remessas podem ser reduzidas por causa de uma disputa com o governo russo referente a pagamentos de impostos da ordem de US$ 3,4 bilhões. O governo informou na quinta-feira, entretanto, que o óleo da Yukos deve continuar fluindo, porque a empresa pode usar o caixa de suas contas para pagar os fornecedores.

A nomeação de Igor Sechin, chefe adjunto de administração da presidência e considerado a “eminência parda” do Kremlin, para presidir o conselho de diretores da estatal petrolífera Rosneft, foi considerado outro passo importante para que o governo assuma o controle do setor, segundo a agência EFE. O governo também decidiu elevar a tarifa de exportação de petróleo nos próximos dois meses até a cifra recorde de US$ 69,9 por tonelada, declarou ontem o primeiro-ministro russo Miajíl Fradkov.

Crescimento mais lento nos EUA

A economia norte-americana cresceu a um ritmo anual de 3% de abril a junho, o ritmo mais lento em mais de um ano, pois os altos preços de energia ocasionaram o ritmo mais lento de gasto de consumo em três anos. A alteração no produto interno bruto (PIB), o valor de todos os bens e serviços produzidos, seguiram uma taxa de 4,5% no primeiro trimestre.

“Poderemos ter uma crise de energia” disse Neal Soss, economista-chefe do Credit Suisse First Boston, em Nova York. Ele disse que a crise de energia anterior, que ocorreu no segundo trimestre, solapou boa parte do crescimento econômico.