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Crise do setor energético está entre principais motivos para rebaixamento do Brasil, diz S&P

Crise do setor energético está entre principais motivos para rebaixamento do Brasil, diz S&P

A economista da Standard&Poor´s Lisa Schineller afirmou, em teleconferência nesta terça-feira, que os riscos do setor elétrico são um dos principais problemas enfrentados atualmente pelo país. Segundo ela, os subsídios dados ao setor vão pressionar o orçamento do governo federal. Ela também citou a trajetória de alta da dívida pública, deixando o país mais vulnerável para os próximos anos.

A agência internacional de classificação de risco anunciou nesta segunda-feira o rebaixamento do rating soberano do Brasil, de “BBB” para “BBB-“, encerrando uma década de elevações da nota brasileira.

— O rebaixamento reflete a combinação da deterioração fiscal nos últimos anos e a reducão do crescimento econômico nos próximos anos. Com a eleição desse ano, temos que ver os sinais que serão dados no campo fiscal. Então, não será facil poupar 1,9% do PIB este ano. Há muitos riscos fiscais nos próximos anos. Em relação à dinâmica do setor elétrico, temos custos sendo adiados no orçamento para eliminar os preços altos. E isso traz riscos ao governo — disse Lisa.

Lista: veja outros fatores que influenciaram a decisão da S&P

Quando perguntada sobre se os riscos de um possível racionamento pode ter afetado a decisão de rebaixamento do Brasil, Lisa respondeu:

— Claramente é um risco para o crescimento no curto prazo. Há muitas questões no setor elétrico, que têm um potencial risco de deterioração.

Outro economista da S&P Sebastian Briozzo lembrou que há dificuldade do governo em administrar a questão energética.

— Há uma dificuldade em prover o suporte fiscal suficiente para manter os custos da energia. E isso é um exemplo de como, na nossa visão, o Brasil esta mais consistente com o “BBB-“.

O corte da classificação de risco do país surpreendeu o governo e o mercado, que não esperavam tal medida antes das eleições presidenciais. A nota deixa o Brasil ainda com grau de investimento, mas no menor patamar desta categoria.

— O Brasil reflete hoje um desequilíbrio institucional tanto nas áreas fiscal e externa, apesar das politicas que estão sendo implementadas. A combinação do quadros institucional e político, mesmo com os ajustes, e temos que reconhecer isso, com o Banco Central aumentando a Selic, e, ao mesmo tempo, a composição da divida do governo continua aumentando, reflete a nossa visão de que o Brasil está consistente com o rating de BBB-. Há um potencial risco na execução da política fiscal nos próximos anos. A situação não vai se reverter no curto prazo. O Brasil vai crescer abaixo de 2% neste ano. Na área fiscal, eu indiquei que gostaria de ver alguns ajustes – disse Lisa.

Sobre os impactos dos Jogos Olímpicos de 2016 e da Copa do Mundo em 2014, Lisa afirmou que mais importante é o governo manter o programa de concessões para manter o crescimento.

– Mais importante para o crescimento são os programas de concessão. Mais importante é manter o foco em infraestrutura e manter o crescimento na classe media.

Fonte: O Globo