Na contramão do consumo, que cresce a cada ano com o aumento do número de carros flex nas ruas, a produção de etanol pode cair na próxima safra em Goiás. Além dos efeitos da seca prolongada e da falta de investimentos nos canaviais, mais uma usina instalada em Goiás não vai processar cana nesta safra. Os baixos preços do etanol não estariam estimulando a produção do combustível em todo País. Além de duas usinas paradas, outras duas estão em processo de recuperação judicial no Estado.
Estimativas apontam que o endividamento das usinas e destilarias na região Centro-Sul do País, maior produtora de cana-de-açúcar do País, iniciam a safra 2014/2015 com um endividamento de R$ 65 bilhões. Em todo País, 56 empresas do setor estão em recuperação judicial. Em Goiás, o problema é vivido pelas usinas Santa Helena, em Santa Helena, e Denusa, em Jandaia.
A Usina Vale Verde, em Itapuranga, também não processou cana nas duas últimas safras, situação que deve se repetir esse ano. A cana produzida por ela está sendo remanejada para outras duas indústrias do grupo nos municípios de Itapaci e Anicuns, que também produzem açúcar. Isso pode significar uma estratégia da empresa, que ganha poder de decisão entre produzir um e outro derivado da cana, de acordo com o comportamento dos preços.
A reportagem apurou que a Energética São Simão, localizada no município de mesmo nome, no Sul do Estado, também já teria vendido sua cana para outras usinas.
SOLUÇÕES
Para tentar enfrentar a crise vivida pelo setor, foi criada recentemente a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético (Frente do Etanol. Entre as saídas propostas, estão a retomada da Cide da gasolina, que era de 14%; o aumento da mistura de etanol na gasolina até 27,5%; melhoria da eficiência do motor flex no Inovar-Auto; e a intensificação do uso da bioeletricidade gerada a partir da queima da palha e do bagaço da cana-de-açúcar.
O coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético e presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol e Açúcar no Estado (Sifaeg/Sifaçúcar), André Rocha, defendeu ainda a regulamentação de dispositivo aprovado na Medida Provisória 613, que prevê desoneração de PIS/Cofins aos produtores de etanol.
A crise financeira já enfrentada pelo setor deve se somar aos problemas com a estiagem no início do ano, que pode reduzir a produtividade das lavouras. Como as chuvas deste mês, somente no início de abril será possível medir se houve recuperação das plantas. “No início de abril, vamos divulgar as estimativas.”
Porém, tudo indica que pode haver um decréscimo da produção no Centro-Sul, que foi de 596 milhões de toneladas moídas na última safra. O presidente do Sifaeg alerta que várias empresas têm dívidas maiores que seu faturamento e será preciso estudar medidas como a securitização de dívidas. Diante do baixo preço do etanol, algumas usinas no País optaram por não processar a cana para não arcar com os custos de moagem.
Fonte: O Popular