As chuvas fracas da semana passada fizeram o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) rever o nível dos reservatórios do Sistema Sudeste/Centro-Oeste – o mais importante do País – para o fim de março. Inicialmente, o órgão esperava alcançar 41,3% de armazenamento na última semana do mês. Agora a previsão é de 38,5%, o que eleva os riscos do sistema elétrico.
Apesar da situação crítica, especialistas afirmam que o governo vai jogar todas as fichas nas termoelétricas para garantir o abastecimento do País durante o período seco, que vai de maio a outubro. O problema é o elevado custo da operação.
“Vamos ter de passar o ano inteiro com as térmicas ligadas”, afirma Walter Froes, da CMU Comercializadora. Segundo ele, a realidade do sistema tem sido bem diferente daquela desenhada pelo governo.
Há duas semanas, o relatório do ONS mostrava um volume de chuva de 77% no rios do Sistema Sudeste/Centro-Oeste. No documento divulgado sexta-feira, a nova previsão estava em 65%. De acordo com o ONS, as bacias dos Rios Tietê, Grande, Paranaíba e São Francisco, onde estão localizadas as principais hidrelétricas do Brasil, tiveram chuvas de fraca a moderada intensidade na semana passada.
Para esta semana, não há expectativa de chuva nos Rios Grande e Paraná, responsáveis por 26% do armazenamento do Sistema Sudeste/Centro-Oeste. “O que mais preocupa é que depois de abril, as previsões chuva só diminuem. Os reservatórios devem chegar ao fim do período seco no limite”, afirma Marcelo Parodi, da Compass Comercializadora.
Custo. A revisão do volume de chuvas para março elevou em 21% o custo marginal de operação (CMO) no sistema elétrico, de R$ 1.098,92 o megawatt/hora (MWh) para R$ 1.331,52 o MWh. Esse valor, calculado por um sistema computacional, serve de parâmetro para o acionamento das termoelétricas e também mede o custo da água nos reservatórios. Quando o CMO atinge 1.364,42 o MWh, o sistema indica risco de déficit de energia de 5%. Ou seja, seria mais barato cortar a carga do que gerar a energia.
Hoje, segundo relatório do ONS, todas as térmicas disponíveis no País – independentemente do tipo de combustível, se gás natural, óleo combustível, diesel ou carvão – estão em operação para garantir o abastecimento da população. Por outro lado, têm provocado um rombo bilionário no caixa das distribuidoras, que deverá ser resolvido com o pacote lançado na semana passada pelo governo federal. Boa parte dos custos deverá ser repassada para o consumidor de forma parcelada nas tarifas. Para esta semana, a previsão é que as termoelétricas produzam 17.872 MW médios, o que representa 26,06% da carga prevista para esta semana, de 68.573 MW médios.
Um alívio nas previsões do ONS foi a redução da carga de energia para março. Anteriormente, o ONS projetava expansão de 7% em relação a março de 2013. Agora, houve um revisão para alta de 6,2% – o crescimento continuará sendo impulsionado, especialmente, pelas temperaturas mais elevadas na região.
Fonte: O Estado de S. Paulo