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Cota de álcool pode ser de 1 bi de litros

A União Européia sinalizou para o Mercosul com uma cota de importação de 1 bilhão de litros de álcool, informam fontes do governo e do setor privado brasileiro. Essa cota fará parte do pacote de ofertas que o bloco europeu prepara para as negociações do acordo de livre comércio com o Mercosul. A importação do combustível compensaria a falta de abertura na área de açúcar, setor altamente protegido na Europa.

De acordo com Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Câmara de Açúcar e Álcool ligada ao Ministério da Agricultura, essa cota ainda não é oficial e está sendo debatida. Ele reconhece, porém, que trata-se de um volume significativo. “Seria um ótimo início”, afirma. O Brasil produz 14 bilhões de litros de álcool, mas exporta apenas 1,1 bilhão. Logo, a cota da UE dobraria os embarques brasileiros.

Durante discussões da comissão do agronegócio Brasil-Alemanha, os alemães se comprometeram com a intenção de adicionar 2% de álcool à gasolina. No Brasil, essa mistura chega a 25%. A comissão, liderada pelo vice-ministro da Agricultura da Alemanha, Mathias Bernninger, se reuniu na última sexta-feira em São Paulo e visitou ontem a feira de implementos agrícolas Agrishow, em Ribeirão Preto. Segundo o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini Junior, os alemães querem, em contrapartida, investir no setor de açúcar e álcool brasileiro, para garantir seu abastecimento do combustível. O ideal seria que esses investimentos fossem protegidos por um acordo de regras entre Mercosul e UE.

Outra vantagem para os alemães na utilização do álcool seria a redução de poluentes. Isso ajudaria a atender as demandas do protocolo Kyoto, ao qual todos os países europeus são signatários. “Com os créditos de seqüestro de carbono, os alemães teriam mais flexibilidade para o funcionamento de suas termoelétricas a carvão”, diz Mugnaini. Outro projeto comum entre os dois países é aumentar a exportação de carnes brasileiras para a Alemanha. O Brasil é atende hoje 9% do mercado alemão de carne bovina. Em carne de frango, esse percentual é mais expressivo e chega a 26%.

Já carne suína, o Brasil praticamente não exporta por conta de restrições fitossanitárias.

Funcionários do governo brasileiro acreditam que o apoio da Alemanha nas negociações entre Mercosul e União Européia é muito importante. A Alemanha é o país que mais contribui como orçamento da UE e um dos que menos subsidia a agricultura.