Em algumas regiões do Brasil, a cana poderá ter um “pacote” propício de clima e variedades mais suscetíveis ao florescimento e isoporização, sendo que Ribeirão Preto/SP, a principal região produtora do Centro-Sul está fortemente dependente das condições térmicas e hídricas. A afirmação é do consultor técnico da Canaoeste, Oswaldo Alonso. “A figura acima mostra possibilidades de indução floral. Na Região 1 – Faixa de Ribeirão Preto 21°Lat Sul para baixo (Latitudes crescentes) o florescimento é fortemente dependente da favorabilidade de condições térmicas e hídricas. Nesta Região, o número de dias indutíveis é de 22 para menos. Na Região 2, de 21 a 16°Lat Sul, o número de dias indutíveis crescem de 22 até 30, aumentando progressivamente a probabilidade de indução. Pode-se afirmar que, dentro desta Região 2, de 19°Lat Sul (faixa de Uberlândia para cima) o florescimento e isoporização é uma condição constante. À medida que avança para as Regiões 3 e 4, o florescimento chega a ser intenso e com forte isoporização de colmos em variedades mais suscetíveis”, explica.
Segundo ele, o florescimento é desejável aos programas de melhoramento genético mas ocorrida a indução floral, o meristema apical dos colmos diferenciam-se de vegetativo (crescimento em entrenós – gomos) para emissão das inflorescências (panículas, flechas). “Com as induções, cessam emissões de novos entre nós dos colmos. Os que irão surgir depois desta indução, eram os que já estavam em formação nos cartuchos (palmitos). Logo, há interrupção de crescimento da cana em entre nós. As perdas, em variedades suscetíveis chega a 5% em peso, e mais as implicações com “roubo” de energia (açúcares) para o desenvolvimento das inflorescências”, diz.
Alonso ainda explica que a isoporização, poderá ou não ocorrer com surgimento das inflorescências. “A isoporização não é somente secamento de parte ou quase total área do parênguima dos colmos (sem a casca), mas sim em perda de conteúdo celular. As perdas em peso dos colmos podem chegar a 8%. Com agravantes em processamento destes colmos, como: redução da capacidade de moagem, qualidade do bagaço para caldeira, em tratamento de caldos, fabricação de açúcar e fermentação alcoólica”, lembra.
Em relação as variedades mais suscetíveis, o especialista adverte, que altos a médios florescimentos ocorrem nas: SPs 80-1842, 81-3250, 83-2847, CTCs 2, 7, 9, 15 e 18; IACs 91 1099 e 95 5000, RBs 855156, 855453, 966928. “A RB867515 pode florescer em condições mais propícias ou em regiões com maior número de dias indutíveis. Em altas isoporizações estão as SP81 3250 (com flor) e RB867515 (mesmo sem florescer)”.
Segundo ele, as perdas em ATR são variáveis em função da variedade, intensidade de florescimento e postergação de colheita de áreas florescidas. “Neste caso, além do “roubo energético” ocorrerão brotações laterais, em condições favoráveis ao desenvolvimento das plantas. Quanto às perdas em peso, além das mensuradas (média de 8 %), perdem-se toletes (rebolos) com baixas densidades durante a colheita mecanizada”, conclui.