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Santos vai chegar a 200 milhões de toneladas

Verbas de R$ 3,05 bilhões em infra-estrutura aumentam a capacidade. Depois da Portofer ter anunciado um investimento de R$ 3 milhões na última quinta-feira para a troca de 22 quilômetros de trilhos, 3 mil dormentes e materiais de fixação na linhas férreas internas do Porto de Santos, foi a vez da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) entregou a ampliação do trecho de 400 metros de extensão na avenida Antonio Freire – passou de 10 metros para 15 metros de largura -, na região do Saboó, considerado um dos pontos mais críticos do sistema viário do porto paulista. Toda essa movimentação vem ao encontro de uma meta de crescimento estipulada pela atual direção do porto.

Com 75% de sua capacidade instalada ocupada e pronta para crescer mais seis pontos percentuais neste ano, o Porto de Santos prepara-se para chegar, nos próximos 10 anos, com uma capacidade estática 150% maior do que a atual. Hoje é de 80 milhões de toneladas/ano e passará a ser de 200 milhões de toneladas/ano com o projeto Barnabé/Bagres pronto, informou José Carlos Mello Rego, diretor-presidente da Codesp.

O projeto Barnabé/Bagres vai receber R$ 2 bilhões (US$ 680 milhões) de investimento e vai trabalhar com cinco segmentos: contêineres, granéis líquido e sólido, automóveis e carga geral solta. Este é o maior de todos os projetos em andamento no porto.

Outro projetos engatilhados do maior porto da América Latina, somados ao Barnabé/Bagres, totalizam R$ 3,05 bilhões de investimentos privado e do governo federal. “Nos últimos 15 anos, o porto ficou sem investimento do governo federal. De 1993 a 2004, apenas a iniciativa privada aplicou dinheiro em Santos, que, somados, chegam a R$ 1 bilhão”, disse Rego. O investimento de R$ 1 bilhão da iniciativa privada na última década começou com o projeto de modernização do Porto de Santos, lançado em fevereiro de 1993.

Entre os projetos de infra-estrutura básica definidos e já priorizados pela Codesp estão a construção das avenidas Perimetrais das margens direita (Santos) e esquerda (Guarujá); construção do túnel sob o estuário – ligando as duas margens do porto; desenvolvimento do projeto Barnabé-Bagres, que ampliará em 75% a atual capacidade de atracação do Porto de Santos; aprofundamento do canal do estuário; implantação de terminais rodoviários integrados nas margens direita e esquerda do porto; melhoria do nível atual de saneamento básico e implantação da supervia eletrônica de dados.

Um dos maiores problemas de hoje do porto santista é a fila de caminhões que se forma diariamente para a descarga dos produtos. “Em seis meses, a licença ambiental deverá sair e, portanto, as obras começarão em 2005. No total serão 1,2 mil vagas – 400 delas para soja, 300 para o açúcar e mais 500 vagas em faixas dinâmicas nas avenidas Eduardo Guinle e Augusto Barata”, diz Arnaldo de Oliveira Barreto, diretor de Infra-Estrutura e Serviços da Codesp. O governo federal já liberou R$ 800 milhões para implementar as perimetrais e o túnel que ligará as duas margens do porto.

Outra pedra no sapato da autoridade portuária é a dragagem que deverá ser concluída até 2007. De 2004 a 2005, a idéia da Codesp é aprofundar o canal do estuário de 14 metros para 15 metros. Em 2006, a meta é chegar a 16 metros e, em 2007, 17 metros. “Estamos ainda fazendo o levantamento para passar o volume de investimento para o governo federal. Mas acredito que essa obra não deve sair por menos de R$ 250 milhões”, define Barreto. Segundo ele a primeira fase vai absorver R$ 100 milhões.

Recorde de cargas

Em 2003, o porto paulista registrou um total de 60,08 milhões de toneladas – 39,13 milhões de toneladas exportadas e 20,95 milhões de toneladas importadas -, um aumento de 12,35% em relação a 2002. De acordo com informações da Codesp, essa taxa de crescimento anual é a segunda maior dos últimos 15 anos, superada apenas por 1994, quando o índice de aumento foi de 17,20%. Entre os principais produtos movimentados no porto estão o açúcar, com 8,32 milhões de toneladas embarcadas e o complexo soja (grãos e pellets), com 8,29 milhões de toneladas. No movimento de contêineres, o Porto de Santos apresentou um crescimento de 27,43% – passou de 1,22 milhão para 1,56 milhão de TEUs (unidade de medida equivalente a 20 pés) – e consolidou-o como o principal porto para contêineres na América Latina. Para este ano, a projeção é de crescimento acentuado, alavancada por uma estimativa da ordem de até 15% para os contêineres. No geral, a previsão para este ano é um crescimento de 7,9% em relação a 2003 com 64,81 milhões de toneladas. O açúcar, até então o principal produto de Santos, deverá crescer 6% e chegar a 8,8 milhões de toneladas. Já o complexo soja deverá aumentar em 46% sua movimentação e chegar a 12,1 milhões de toneladas.