Mercado

Perda de área agricultável na China tende a crescer

A superfície cultivável na China contraiu-se 2,67 milhões de hectares em 2003, o que poderá por em risco o abastecimento alimentar, segundo revelou ontem o Ministério da Propriedade e Recursos Naturais. As estatísticas oficiais refletem que 900 milhões de camponeses chineses dispõem unicamente de 123,4 milhões de hectares para o cultivo, o que significa 0,1 hectare per capita, ou 40% da média mundial.

A propriedade da terra foi objeto de atrito na China desde tempos imemoráveis, devido à escassez de superfície cultivável, apenas 14%, em comparação com 25% de terras baldias, 28% de gramados e 24% de florestas. Em 2003, foram recuperados 2,24 milhões de hectares de florestas e os gramados. A construção de casas, indústrias e infra-estruturas propiciaram o arrendamento, e conseqüentemente, de outros 230 mil hectares de terras cultiváveis.

A construção de fábricas, minas e parques industriais ocupou 111,7 mil hectares de área, 37% cento mais que em 2002, enquanto que a construção de estradas ocupou de 37 mil hectares. As obras da polêmica represa de Três Gargantas alagou 52.670 hectares. Devido às calamidades naturais e às terras postas em descanso, 50.400 hectares não são cultivadas. Além disso, se o índice de urbanização se mantiver em 15%, a China perderá cerca de 200.000 hectares por ano até 2020.

Segundo o ministério, o Governo se propôs a “coibir o uso ilegal de terra cultivável para garantir a segurança alimentar”, já que uns 40 milhões de camponeses perderam suas terras nos últimos 20 anos para expropriações irregulares e especuladores imobiliários.

Segundo a Constituição chinesa, todos os terrenos-edificáveis, cultiváveis, florestas, etc. – são propriedade do Estado, razão pela qual os promotores imobiliários tiveram sempre a liberdade para manipular o mercado imobiliário.

A arbitrária expropriação de terras por parte dos Governos locais será um dos principais assuntos de debate durante a sessão anual da X Assembléia Nacional Popular, que começa amanhã.

Segundo o funcionário do governo, o rápido aumento dos investimentos chineses em ativos fixos tem sido uma das principais causas para a redução da superfície cultivável disponível.

(Finanças & Mercados/Página B12)(Agência EFE)