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Pioneiro abriu caminho à produção de etanol em escala em SP

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O professor e pesquisador Jorge Horii, que trabalhou por 40 anos na Esalq de Piracicaba (SP), é um dos exemplos no pioneirismo na produção de álcool de cana no país. Hoje o setor está repleto de novidades tecnológicas mas o presente deve muito de seu sucesso ao passado.

Como um profundo observador, o professor Horii, pesquisou muito sobre a energia do etanol na década de 1970, e já tinha ideia de que seria um combustível de larga escala no futuro e a partir daí começou a ser convidado pelas indústrias para produzir etanol em escala. “Passei a fazer a parte prática de ampliação de escala nas usinas e a primeira que acompanhei foi a Galo Bravo, de Ribeirão Preto (SP), em 1978. Ajudei a implantar a antiga destilaria Alexandre Balbo em 1983, em Minas Gerais, atual Coruripe Iturama, e visitava usinas em Pirassununga, Limeira, Piracicaba, e já dava meus palpites e ideias”, lembra.

Outra grande contribuição foi em 1982 com a adaptação de um equipamento russo que resultou no chamado Redutec e que hoje é amplamente utilizado pela usinas e destilarias, para determinação de açúcares redutores e ácidos voláteis. “Desenvolvi mas não patenteei pois as peças eram de vidro e foi considerado artesanato”.

Início de carreira – Tudo começou após sua graduação, em julho de 1970, quando entrou como pesquisador no departamento da Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq e ao completar seu doutorado, foi chamado para desenvolver a área de fermentação alcoólica. “Apenas em 1975 o etanol passou a ter importância no Brasil. Prova disso é que na época a maioria das pessoas pensava em produzir açúcar e quase ninguém, etanol. O projeto era sobre Cinética de Fermentação Alcoólica, ou o comportamento dos microorganismos durante uma fermentação”, conta.

Segundo o pesquisador, em 1973, a partir de uma planta piloto no departamento, começou a produzir álcool de cana. “A planta piloto da Esalq tinha capacidade maior do que a quantidade de matéria-prima disponível, então fazíamos até 20 mil litros por dia para destilar (de fermentado), mas era difícil fazer isso com funcionários por causa dos turnos. Então eu saia do escritório e já ia para a planta piloto. Destilava apenas para produção de cachaça”, diz.

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Outro feito de que tem orgulho, é sua contribuição acadêmica. Se recorda quando orientou o aluno Antonio Batista (1997 até meados de 2007), num trabalho com leveduras vivas, para produção de ração animal. “Fomos pesquisar os efeitos em cima de toxinas de fungos, como microtoxinas. Fomos fazendo ração e a levedura viva comia a parte envenenada. Queríamos implantar essa novidade nas usinas para fermentar em meio estéreo, com a levedura desejada mas até hoje não conseguimos porque esterilizar milhões de litros é uma operação cara. Tudo que fiz pelo setor foi de forma gratuita. Peguei um período que a gente só sonhava, mas valeu a pena, não do ponto de vista econômico, mas profissional por transmitir isso aos alunos. Infelizmente o meio acadêmico é muito cruel e cheio de vaidades, mas o que mais me deixa feliz é saber que plantei uma semente para a futura geração. Tomara que eles transformem isso em dinheiro e deixe sucessores para continuar no futuro”, lembra.

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