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Novas compras de equipamentos dependem de Protocolo de Kyoto

Com a expectativa de aumentar as exportações de álcool devido às exigências ambientais decorrentes da assinatura do Protocolo de Kyoto – que estabelece níveis de redução de emissões veiculares aos países, via adição de álcool na gasolina -, as usinas de álcool brasileiras fizeram grandes investimentos em 2003.

Para processar a produção de cana, que deverá gerar crescimento de 6% de açúcar e aumento de 9,6% de álcool, foram instaladas novas unidades e ampliadas as já existentes.

No entanto, a demora na assinatura dos signatários de Kyoto, especialmente Estados Unidos e Rússia, esfriou os ânimos dos usineiros e, conseqüentemente, o de fornecedores do setor. “Caso o Protocolo não se concretize rapidamente, a expectativa é termos um crescimento vegetativo nas vendas ao setor sucroalcooleiro, neste ano”, diz Tarcisio Ângelo Mascarim, diretor-presidente da Dedini Indústrias de Base, a principal fornecedora do setor.

No ano passado, a Dedini teve crescimento de 80% no fornecimento para o setor, que responde por metade de seus negócios. O faturamento da empresa aumentou 35%, passando de R$ 300 milhões, em 2002, para R$ 410 milhões, em 2003.

Segundo Mascarim, o Protocolo de Kyoto geraria receitas para a Dedini também em exportações, uma vez que a tendência é que outros países também invistam na ampliação da produção de álcool para fazer frente às exigências de misturas de combustível. Atualmente, apenas 10% de sua receita vem do mercado externo. “Nos próximos três anos, queremos que a participação chegue a 40%”, diz o executivo.

A Case IH, fornecedora de colheitadeiras e tratores para o setor sucroalcooleiro, também aguarda decisões de investimentos. A Case IH, que faz parte do o grupo New Holland, responde por mais de 50% das vendas de colheitadeiras para o setor e lidera o segmento de tratores mais utilizados para a cana – de potência entre 220 cv e 270 cv. “O potencial do mercado brasileiro e o investimento que o país está fazendo em pesquisa, desenvolvimento e novas tecnologias não deixam dúvidas em relação ao futuro”, diz Isomar Martinichen, diretor de Vendas da Case IH.

A Case New Holland investiu R$ 20 milhões na transferência da Austrália para cá de sua unidade fabril de colheitadeiras e transbordos para cana. A partir de abril deste ano, a nova fábrica, instalada em Piracicaba, será a única do grupo no mundo a fabricar colheitadeiras para cana. Estima-se que 70% dessas máquinas serão exportadas para países da América Latina, América do Norte, Ásia, África e Oceania.

Para 2004, no entanto, a estimativa é de um aumento muito pequeno nos negócios com o setor. “O setor tem muito a crescer em mecanização na produção, mas este processo não acontecerá agora”, diz Martinichen. Para ele, os produtores estão em fase de reestruturação dos negócios e, por este motivo, têm adiado investimentos. “Daqui há dois ou três anos, eles terão que ser feitos de qualquer jeito.”

O setor canavieiro se caracteriza pelo uso intensivo de mão-de-obra e baixa mecanização na plantação e colheita. Segundo estudo da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) , a lavoura de cana emprega cerca dez 10 trabalhadores por hectare. A atividade canavieira é responsável por 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos, sendo que apenas a produção de cana é responsável pela absorção de cerca de 620 mil pessoas.

O segmento de cana-de-açúcar deveria ser responsável por cerca de 30% das vendas internas de tratores, que atingiram 29.475 unidades em 2003. No entanto, o setor está bem abaixo dessa faixa de participação. As vendas de colheitadeiras para cana, que deveriam variar na faixa de 150 unidades/ano , não passaram de 40 unidades em 2003. “Esperamos crescimento de 15%, o que, em volume, é bem pouco representativo”, diz o diretor da Case IH.

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