Mercado

Contratos futuros serão negociados em Nova York

Os contratos futuros de álcool na Bolsa de Nova York podem ser negociados antes do meio do ano. É o que afirma o secretário-geral da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Fernando Moreira Ribeiro. Em janeiro, a entidade ainda estava em negociação com a New York Board of Trade por meio da CSCE (Coffe, Sugar and Cocoa Exchange). “Mas hoje, a decisão já é definitiva”, diz.

Esta vai ser a primeira vez em que o álcool (do tipo anidro carburante) vai ser negociado em mercado futuro nos Estados Unidos – até hoje, ele só é negociado no mercado de gasolina. Desde que começaram os estudos para a inclusão do álcool em seu mercado, a Nybot chamou traders do setor alcooleiro do mundo inteiro para dar sugestões – do setor produtivo, no entanto, o Brasil, líder mundial com 15 bilhões de litros por ano, é o único representante.

“As primeiras avaliações foram para ver se havia um interesse consistente do mercado internacional pelo produto. O resultado foi bastante positivo”, afirma Ribeiro.

Atualmente, a comissão está elaborando a minuta do contrato que deve ser usado na Bolsa e analisando qual será o capital necessário para colocar o negócio em marcha. A previsão é encaminhar o projeto para o board da CSCE ainda neste mês. “O importante neste momento é não confundir as nossas postulações comerciais, relativas ao produto, com aquelas da Bolsa, relativas ao contrato”, explica Ribeiro.

“A idéia é formar um contrato de alta liquidez e atrair novos investidores por meio dos hedge funds”, afirma Manoel Fernando Garcia, presidente da trading brasileira S/A Fluxo, que tem prestado assessoria à Unica na criação dos contratos futuros de álcool e na mudança dos contratos de açúcar na bolsa americana. Um dos principais objetivos do projeto é criar um referencial global de preços, o que facilitaria as exportações mundiais do produto.

Em uma segunda etapa, produtores e corretores brasileiros devem buscar uma sinergia entre a bolsa americana e a Bolsa de Mercadorias e Futuros brasileira. Baseado no contrato estabelecido para o álcool carburante, outros tipos de álcool podem vir a ser negociados.

Os principais players desse mercado são hoje o Brasil, maior produtor, e os Estados Unidos. Os dois países juntos produzem cerca de 25 bilhões de litros de álcool para uma produção global de 32 bilhões de litros. Os EUA têm planos para elevar a produção dos quase 10 bilhões de litros anuais para 14 bilhões de litros.

Quando a negociação futura em Bolsa for implementada, a previsão é de que os negócios se concentrem em um primeiro momento entre brasileiros, americanos e alguns players europeus que têm mostrado interesse no projeto. Posteriormente, devem ganhar mais peso corretores da Venezuela, Colômbia e Equador.

Alguns analistas do setor alcooleiro, no entanto, acreditam que o projeto do contrato de álcool na Nybot pode não ter o sucesso esperado. Para eles, esse novo canal de acesso para o produto na Bolsa não elimina as barreiras de exportação que vêm dos produtores.