Os preços do etanol ao consumidor final subiram em 24 Estados do país na semana encerrada em 7 de dezembro, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O movimento reflete o reajuste de 4% da gasolina nas refinarias, vigente desde 30 de novembro, e também o início da entressafra da cana na região Centro-Sul. Em alguns Estados, o aumento do etanol foi até superior ao da gasolina.
Na semana, a maior valorização do biocombustível foi verificada em Goiás, onde o litro foi vendido nos postos, em média, por R$ 2,126, alta de 9,2% sobre a semana anterior. Na comparação, a gasolina subiu 3,64% no Estado, para a média de R$ 3,046 por litro. “O preço do etanol em Goiás costuma variar mais na entressafra. Parte desse comportamento se deve ao fato de o Estado ser um importante fornecedor do produto aos mercados das regiões Norte e Nordeste”, afirma o diretor da JOB Economia e Planejamento, Julio Maria Borges.
Com a forte valorização em Goiás, o biocombustível perdeu a vantagem que tinha em relação à gasolina. No Estado, a paridade do etanol com o concorrente fóssil foi a 70% na última semana, ante 66% registrados nos sete dias anteriores. Isso significa que, em Goiás, abastecer com etanol, antes vantajoso para o motorista, tornou-se indiferente do ponto de vista econômico na comparação com a gasolina. Isso acontece justamente quando o preço do biocombustível passa a equivaler 70% do valor do litro do gasolina. O etanol tem vantagem quando esse percentual é inferior a 70%.
No Estado de São Paulo, maior centro consumidor de combustíveis do país, o cenário foi inverso: a gasolina subiu 3,2% ao consumidor na última semana, enquanto o etanol aumentou 2,8%, segundo o mesmo levantamento da ANP. No acumulado de quatro semanas, a alta do biocombustível ao consumidor paulista foi de 4,4%, em média.
Nas usinas em São Paulo, o litro do etanol hidratado também vem subindo há semanas. Na passada, o indicador Cepea/Esalq para o biocombustível registrou valorização de 3,38%, para R$ 1,2857 o litro (sem frete e sem ICMS). Em quatro semanas, a alta acumulada foi de 6,5%. “Há uma dose de antecipação da entressafra devido ao reajuste da gasolina. Não vejo sinais de que esses preços vão recuar”, diz Borges.
Na pesquisa feita na semana passada, a ANP identificou reajustes da gasolina na bomba entre 0,3% e 6% no país. A Bahia liderou a alta, seguida pelo Mato Grosso do Sul, onde o aumento foi de 4% ao consumidor. O menor reajuste, de 0,3%, foi registrado nos preços médios do derivado fóssil de Sergipe.
Ainda segue vantajoso para o consumidor final abastecer com etanol apenas nos Estados de Mato Grosso, onde a paridade permaneceu em 65%, no Paraná (67%) e em São Paulo (66%). No grupo de “indiferença” estão Goiás, Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais.