
O presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, Renato Cunha, considera o reajuste dos derivados de petróleo anunciado pelo governo na última sexta (29/11), socialmente equivocado e inflacionário. “O aumento de 4% na gasolina e 8% do diesel, a partir deste sábado, é uma medida inócua e que não acarretará investimentos e estabilidade na volta vigorosa da produção do etanol”.
Para ele, o transporte urbano coletivo e os fretes de alimentos vão irrigar a inflação, além de serem socialmente injustos para a grande maioria. “O diesel é quem move a produção. A medida pode estimular a inflação além de não fornecer uma leitura de uma política estável para o reajuste de combustível em 2014. Essa agenda tem que envolver uma sistemática e não socorros pontuais para o petróleo e derivados. Está ficando impossível produzir energia limpa sem margem de remuneração”, revela.
Para Alexandre Lima, presidente da Unida, o reajuste da gasolina de 4% na refinaria, conforme aprovado pelo governo, corresponde a uma elevação para o consumidor final de 2,5%, e a defasagem para a estatal continuará alta. “A Petrobras terá um prejuízo de 13%. O saldo da empresa na balança comercial foi negativo em US$ 22,4 bilhões de janeiro a outubro deste ano, um valor não só recorde como também 157% superior ao déficit de todo o ano de 2012. Em contrapartida, o diesel foi reajustado em 8% na refinaria, podendo chegar ao consumidor em 4%. Esta é uma condição terrível para o setor sucroenergético, já que o diesel é bastante importante na produção agrícola e no transporte do etanol, elevando os custos”, comenta.
Segundo o líder, com esta política suicida do governo em relação à Petrobras e ao etanol, evidencia-se a política equivocada de desestímulo ao combustível renovável e nacional, priorizando o combustível fóssil e importado”, finaliza.
O aumento de 4% no preço da gasolina comercializada na refinaria, poderia significar uma leve e pontual melhora na competitividade do etanol comparado com a gasolina, na avaliação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), se não fosse o aumento de 8% no preço do óleo diesel.
De acordo com o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, o impacto da alta do diesel no custo de produção do etanol é muito significativo. “Devido ao grau de mecanização hoje na atividade agrícola, o diesel mais caro afeta plantio, colheita, carregamento e transporte. É um dos insumos mais importantes para a produção do biocombustível de cana. O aumento no custo do diesel provoca alta nos custos de outros insumos importantes para a produção do etanol”, diz.
De acordo com a entidade, os reajustes anunciados pela Petrobras também deixaram inalterado um dos maiores obstáculos para a ausência de investimentos na retomada do crescimento do setor sucroenergético brasileiro, que é a falta de previsibilidade na formação do preço da gasolina.
Segundo o executivo, a introdução de aumentos sem um critério claro e que não sofra alterações leva à falta de previsibilidade, o que mantém um grau elevado de insegurança e afugenta investimentos de longo prazo, principalmente na implantação de novas usinas: “O setor sucroenergético continua investindo em logística, infraestrutura, ampliação e renovação de canaviais e em novas tecnologias para melhorar a produtividade das usinas existentes. Isso tudo permite pequenos ganhos no volume de etanol produzido, mas não o suficiente para acompanhar a evolução da demanda projetada para os próximos anos.”