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Empresários satisfeitos com resultados de janeiro

Os empresários brasileiros estão satisfeitos com a situação de seus negócios no mês de janeiro, segundo apurou a Sondagem Industrial da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É o primeiro resultado positivo dos últimos três trimestres. A pesquisa apontou que 21% dos 1.146 industriais consultados consideram positivamente a situação atual, enquanto 14% a avaliam negativamente.

Desde abril de 2001 os empresários não mostravam tanto otimismo. Segundo a FGV, entretanto, as avaliações de demanda ainda continuam com saldo negativo. Enquanto 18% das empresas consultadas consideram forte o nível de demanda global, outros 19% o percebem como fraco. O coordenador de dados especiais da fundação, Aloisio Campelo, disse que a sazonalidade de janeiro faz com que o dado seja favorável (em janeiro de 2003, a diferença entre percepções boas e ruins era negativa em 9%) e acompanhe uma tendência positiva de retomada da economia. “Esse dado sustenta a tendência de recuperação econômica detectada em outubro”.

As perspectivas dos empresários para a produção industrial neste primeiro trimestre são as mais otimistas para o período desde 1997. De acordo com a sondagem, 40% das empresas pretendem elevar os níveis de produção nos primeiros três meses do ano, enquanto 32% acreditam que vão reduzir. Isso acontece, segundo Campelo, devido à redução dos estoques das indústrias nos últimos meses. Pela Sondagem, baixou de 22% para 10% o percentual de empresas que consideravam seu estoque muito alto entre julho de 2003 e janeiro deste ano. As empresas brasileiras não esperam, entretanto, um aumento expressivo para os níveis globais de demanda neste início de ano. Segundo a FGV, 37% dos empresários entrevistados acreditam que a procura por seus produtos pode cair entre janeiro e março, enquanto 32% apostam que ela deverá subir no período. Para Campelo, parte desse pessimismo se deve ao peso do mercado interno na composição da demanda, uma vez que as perspectivas para as exportações são favoráveis.

Segundo a pesquisa, 28% das empresas prevêem expansão e 42% diminuição do mercado interno em suas áreas de atuação. Já para o mercado externo, a expectativa é de aumento para 45% das empresas e redução para 21%. A FGV também confirmou as expectativas quanto aos aumentos de preços. Segundo a fundação, 43% das empresas brasileiras projetam elevar seus preços entre janeiro e março, enquanto apenas 7% pretendem reduzir.

A maior pressão para o aumento de preços, segundo Campelo, é a elevação dos custos de commodities industriais no mercado internacional, especialmente petróleo e metais (aço, cobre e minério de ferro, entre outros). Somente em dezembro, os metais subiram 11%, acumulando alta de 40% ao longo de 2003. Para o economista, a pressão de preços desses insumos vinha sendo compensada pela valorização do real frente ao dólar, o que parou de acontecer mais para o final do ano. Quanto ao emprego, dados da Sondagem Conjuntural da fundação mostram que 23% dos empresários pretendem contratar, e 16% demitir. O saldo dessas expectativas (de 7 pontos percentuais) é o melhor para o primeiro trimestre desde 1985.