Mercado

Bovespa fecha com nível recorde e dólar encerra o ano a R$ 2,902

O dólar comercial voltou a subir nesta quarta-feira, voltando para o patamar dos R$ 2,90, mas terminou o ano com uma queda significativa de 18,1%, assumindo o posto de pior investimento de 2003. O pregão viva-voz da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,77%. O Ibovespa marcava 22.215 pontos e volume financeiro de R$ 723,1 milhões.

Câmbio – Quem apostou no dólar este ano perdeu dinheiro. Em 30 de dezembro do ano passado, a moeda americana era vendida a R$ 3,545. Nesta terça-feira fechou a R$ 2,902 na venda (R$ 2,900 na compra). A alta no dia foi de 1,39%.

“A queda do dólar em 2003 estava dentro das expectativas, mas o ano foi realmente muito fraco para esse mercado”, afirmou Álvaro Bandeira, da Corretora Ágora Senior. Segundo o analista, a moeda não encontrou resistência para cair diante de uma cenário confortável na política econômica. Para Bandeira, não havia motivo para pressão com a transição suave do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para o oposicionista Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, explicou, permaneceu a austeridade e melhorou a situação de crédito do país que viu o seu risco país despencar.

Bandeira disse que a volatilidade foi pequena em 2003, sobretudo nos últimos três meses. No início do ano, falava-se que a cotação poderia chegar a R$ 3,20 em dezembro. Esse valor foi reduzido para R$ 3,00 no início do semestre e R$ 2,95 em novembro. Os R$ 2,90 chegou a ser uma surpresa nas mesas de câmbio hoje.

No último pregão do ano, a moeda americana foi pressionada pela Ptax, uma briga já tradicional em véspera de vencimento de dívida cambial. Na próxima sexta-feira, 2 de janeiro, vencerá uma dívida de US$ 2,669 bilhões em swap cambial. O governo avisou que vai resgatar todos os títulos, o que levou os bancos credores a tentarem elevar a cotação para serem melhor remunerados na liquidação da dívida.

Como nesta quarta, véspera de ano novo, é feriado bancário, os operadores que trabalham em esquema de plantão neste último dia útil de 2003 também aproveitaram para fazer alguns ajustes e rever suas posições. Na segunda, a moeda chegou a cair 1,37%, para R$ 2,862 na venda, e voltou ao patamar de 4 de novembro.

O mercado reagiu com tranqüilidade à divulgação do relatório de inflação. O Banco Central aumentou de 3,9% para 4,5% a projeção de inflação para 2004. A estimativa levou em consideração o câmbio e juros constantes, respectivamente de US$ 2,94 e 16,5%. Os analistas de mercado prevêem desvalorização do real de 14,1% ao ano no final de 2004, câmbio de US$ 3,21 e inflação de 5,8%.

Apesar da alta do dólar nesta terça, o risco-país continua em queda. O índice, calculado pelo banco J.P. Morgan, estava há pouco em queda de 3,10%, para 468 pontos-base. O risco mede a percepção dos investidores estrangeiros na economia brasileira e a capacidade de o país cumprir os seus compromissos. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, também apresentava pequena queda de 0,12%, para 98% de seu valor de face.

Ações – A Bovespa interrompou este ano um ciclo de queda. Em 2001, a bolsa paulista caiu 11,02% e em 2002 registrou queda de 17,01%. Já neste ano, quem investiu no mercado acionário desde janeiro teve um ganho dobrado. Até a segunda-feira, o Ibovespa registrava alta de quase 96%. Nesta tarde, o ganho já ultrapassa os 97%. Entre as ações mais negociadas estavam Telemar PN, Petrobras PN e ON e Ambev ON. As maiores altas eram de Tractebel ON (6,1%), Braskem PNA (4%) e Brasil Telec PN (3,8%). Caíam Light ON (4,4%), Tele Leste Celular PN (3,8%) e Eletropaulo PN (3,4%).

Juros – No último pregão do ano, a falta de liquidez imperou no mercado de juros futuros. Em uma sessão que repercutiu os novos números do IGP-M e do IPC-S, o mercado operou com oscilações bastante discretas e terminou o dia bem perto da estabilidade. O contrato para janeiro de 2004 fechou com queda de 0,04 ponto percentual e taxa de 16,22%. O vencimento de fevereiro de 2004 projetou juro de 16,12% anuais, com alta de 0,02 ponto percentual. Abril de 2004 teve queda de 0,01 ponto, indicando juro de 15,88% ao ano. O vencimento de julho de 2004, o mais negociado, registrou recuo de 0,01 ponto percentual e encerrou a 15,76% anuais. Por fim, o vencimento de outubro de 2004 fechou com queda de 0,04 ponto e juro de 15,80%