Gestão Administrativa

A síndrome do subdesempenho satisfatório

A síndrome do subdesempenho satisfatório

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“Subdesempenho satisfatório é a definição de um estado de autoelogios, uma ‘doença’ que internacionalmente ataca empresas e outras instituições, inclusive governos. Trata-se de patologia em que condutores de uma organização, muitas vezes tomados por ilusões quanto ao sucesso dela, não percebem problemas que a acometem, e que podem levá-la a um subdesempenho futuro. Ou, então, eles são percebidos, mas menosprezados”. Astor Wartchow

Esse não é um assunto novo, mas volta à tona sempre que algo impactante acontece no mercado dos negócios ou em esferas macroeconômicas ou políticas. Em ondas como a que estamos passando onde a competência, a diferença frente à concorrência, a busca pela melhor produtividade com os custos administrados e ainda a excelência obtida pelo conjunto do capital intangível conquistado e mantido pelas organizações são itens de primeira necessidade, falar do subdesempenho constatado em alguns países, empresas, executivos, dirigentes e profissionais que compõem o quadro estratégico do negócio, parece-nos algo inversamente lógico aquela que deveria ser a busca de resultados sustentáveis.

Como sou especializada na área de RH e não me atreveria fazer uma análise político-econômica mais aprofundada, vou me ater às empresas e às pessoas. Na semana passada aconteceu o 39º Conarh – Congresso Nacional de RH e 23 mil pessoas passaram pelo evento em busca de visões, práticas, ensinamentos e despertares no assunto Gestão de Pessoas e a estratégia dela para o negócio. O tema desse ano foi “Reinventar a Gestão: Uma Construção Coletiva”. Estive lá ouvindo, compartilhando, vivenciando e degustando tudo que fosse possível para agregar à visão e experiência que construí nesses 24 anos na área de RH.

Além de reforçar o discurso ainda necessário sobre a importância da área e o posicionamento que esta deveria ter no desenho do negócio, outros pontos importantes foram citados repetidamente em várias palestras e espaços de discussão coletiva: a inquietação dos RH´s, dos dirigentes e das pessoas sobre o cenário atual nas organizações; o abalo dos velhos pilares e a mudança de postura necessária por parte de dirigentes e executivos; a reinvenção das formas de relacionamento organizacional; a preocupação com a falta de preparo de líderes (em todos os níveis) para a gestão de pessoas e culturas construtivas; o espírito associativista entre empresas e pessoas e entre líderes e liderados; a ética das relações e posturas; a cultura da confiança; o respeito pelo conhecimento e pela postura exemplo; o protagonismo da área de RH no processo de crescimento e transformação organizacional; o sentido do “empresariamento”(postura de dono) que todos colaboradores deveriam demonstrar; a ideia de que se não for bom para todos, em cadeia, não serve; o bem e a conquista coletivos sobrepujando o individual; e, por final, o valor empresarial e humano de trazer alma para as organizações. Isso, e mais uma imensidão de temas tão importantes quanto os citados.

Mas, o assunto que mais me chamou a atenção nesses dias, e posso dizer que dito de forma confirmada por vários palestrantes de peso, foi o tema desse artigo, e o quanto as empresas e pessoas estão se escondendo atrás de um mau desempenho. E, o pior, a constatação de que o sistema vai contemporizando o baixo desempenho. E se contentado com isto, pagando por isto. Um preço altíssimo, pode-se dizer.

Como RH há anos, tenho visto esse cenário na prática e vivo essa inquietação assim como vivem, acredito, muitos colegas de profissão. E acho que é nesse ponto que mora nossa principal atuação, a de alertar as empresas do quanto essa cultura pode ser danosa para o negócio.

Uma das pesquisas mostradas no contexto desse assunto foi a de que presidentes de organizações consideram que 42% dos seus executivos não estão comprometidos e apresentam essa realidade do subdesempenho. E somente 12% deles pensam fora da caixa. Se o cenário está assim no degrau estratégico, como estará nos outros? Sabemos que equipe parcialmente comprometida não vira o jogo. Onde estará a força e energia para a promoção da mudança que se faz necessária?

“As empresas terão que mudar a forma de administrar, disseminando o conhecimento, tornando coletivo o que era centralizado ou individual, e encontrar maneiras rápidas de melhorar o desempenho dos colaboradores, agora denominados parceiros; não deixando que entrem na síndrome do subdesempenho satisfatório.”

Claudio Raza

Dentro do meu perfil, trago discursos e apelos para uma contribuição de mudança de olhar das organizações para com o cenário visto. O perfil de inconformismo pode causar desconfortos, mas é necessário para que algo mude. Sou também responsável por aquilo que legitimo.

E finalizo esse texto com um slogan que abriu e fechou o evento e que fica como lição de casa para todos nós: Por que não? Por que não frente a todas as inquietações, anseios, desejos e sonhos que temos?

Por que não cada um de nós buscar uma jornada que nos encante?

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