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Artigo: Temos variedades para substituir a SP 81-3250?

Artigo: Temos variedades para substituir a SP 81-3250?

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Em 1983 realizamos na Usina da Pedra-Serrana – SP, uma reunião técnica com quase todos os pesquisadores do centro-sul do Brasil, que atuavam na área de melhoramento genético da cana. A intenção era informar aos participantes, que as metodologias adotadas no Brasil eram incompletas, para serem aplicadas numa cultura que era colhida durante nove meses no ano. As metodologias que eram então aqui praticadas foram importadas para o Brasil dos EUA onde a safra de cana era de três a quatro meses, devido às geadas que ocorriam todos os anos, e que não acontecia o mesmo no Brasil. A diferença era que pelas metodologias que eram seguidas, as variedades novas demoravam aproximadamente vinte anos para serem plantadas em grandes áreas, enquanto que pela metodologia proposta, este tempo poderia ser reduzido para dez anos ou menos.

A reunião não durou mais que quinze minutos, porque uma das pessoas presentes que fora com a intenção definida de anular a nossa proposta, tomou a palavra e se manifestou de forma contrária à metodologia em questão. Considerando que as colocações eram de nível impróprio para o momento, e a intenção da Usina da Pedra era unicamente colaborar com o setor canavieiro, nem a diretoria da usina e nem a minha pessoa teve entusiasmo em se defender. Diante da dificuldade criada, a reunião foi encerrada sem que o objetivo pretendido fosse alcançado.

Daquela época até hoje algumas instituições que estavam presentes, têm tentado adotar alguns procedimentos da metodologia proposta, mas por não ser completa, não tem surtido o efeito desejado. O participante que se manifestou contrário à metodologia que estava sendo proposta, representava uma instituição que já passou por algumas reestruturações, para tentar compensar a falha existente na metodologia praticada, mas não tem conseguido convencer os plantadores de cana para darem prioridade para suas novas variedades. Não conseguiram até este momento substituir a SP 81-3250, que apesar de ser sua sigla varietal naquela época, somente foi liberada como variedade porque a própria Usina da Pedra a estudou com recursos próprios, definindo-a como sendo ótima, chegando a ser uma das duas variedades mais plantadas no Brasil por muitos anos até o presente momento. Se considerar que a SP 81-3250 começou a ser plantada em grande área em 1988, faz vinte cinco anos que não é substituída.

É importante citar que a falta de variedades para substituir as duas variedades mais plantadas nas ultimas décadas, que são a RB 86-7515 e a SP 81-3250, não é incompetência dos profissionais das instituições. Sabemos que existem novas variedades muito melhores que elas, mas que não conseguem substituí-las, porque a forma de apresentar suas características genéticas não é convincente, devido à metodologia com a qual foram avaliadas.

O que poderíamos ter feito naquela época e nenhum dos presentes se lembrou de sugerir, seria encontrar uma forma sensata de evitar o conflito.

O problema criado teria sido facilmente resolvido, se tivéssemos proposto instalar na Usina da Pedra um experimento, comparando as duas metodologias para definir qual seria a ideal.

Pouco tempo depois, a validade da nova metodologia proposta foi confirmada com a variedade SP 81-3250, que começou a ser plantada na Usina da Pedra em 1988 antes da própria Copersucar.

Apesar de decorridos trinta anos depois daquela reunião, ainda é possível a instituição sucessora se posicionar disposta a realizar este estudo e corrigir a deficiência ainda existente.

*José Alencar Magro é Engenheiro Agrônomo