Apesar da alta de 1,1% do consumo industrial de energia em junho (15.362 GWh), na comparação com igual período do ano passado, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ainda não enxerga sinais de recuperação sustentada do uso do insumo pelo segmento. Considerando a série livre de influências sazonais, o consumo de energia em junho apresentou queda de 1,3% em relação a maio.
“O comportamento do consumo industrial de energia ainda não oferece sinais de recuperação sustentada”, informou a estatal de pesquisa em boletim sobre o mercado elétrico. “Pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2012, houve crescimento do consumo trimestral (sobre igual trimestre do ano anterior), de 1,1%. Contudo, o consumo acumulado no ano e em 12 meses ainda apontam queda de 0,5% e 0,9%, respectivamente”, completou.
De acordo com a EPE, o consumo industrial segue influenciado pelo comportamento de segmentos eletrointensivos, principalmente a metalurgia do alumínio. “Em linha com as estatísticas da Abal [Associação Brasileira do Alumínio], que apontam queda de mais de 10% na produção do alumínio primário em junho, o consumo de energia recuou nesse mês 12,9% no Maranhão e 4,4% no Pará, Estados que concentram 60% da produção dessa commodity”, afirmou a empresa.
O cenário do setor de alumínio influenciou também os mercados de Minas Gerais e São Paulo, onde o consumo industrial de energia recuou 1,5% e 1,7%, respectivamente. “Se mantido o nível de produção de alumínio verificado no ano passado, o consumo agregado de energia das indústrias brasileiras teria crescido 2,3% em junho, em vez de 1,1%”, acrescentou a EPE.
Segundo a estatal, somando o efeito da produção de alumínio com o desempenho das indústrias de ferroligas e siderurgia, também afetadas pelo cenário internacional, “percebe-se que o comportamento da indústria está heterogêneo, tornando complexa a análise do desempenho setorial”. Essa seria uma das razões para o fato de o índice de produção industrial do IBGE ter apresentado aumento de 1,7% no acumulado do ano até maio, enquanto o consumo de energia das indústrias recuou 0,5% no primeiro semestre, diz a EPE.