De acordo com previsões do Anuário da Cana 2013, que acaba de ser lançado, confirmadas por outras centrais de pesquisas, incluindo as do próprio governo, em 2021/22 a produção brasileira de etanol terá que ser de no mínimo 70 bilhões de litros anuais.
É uma meta três vezes maior do que a produção atual e, pelo andar da carruagem, muito difícil de ser atingida. Especialmente neste momento, em que o setor sucroenergético se vê sem perspectivas de lucratividade e investimentos, pois de um lado suas receitas são limitadas pelos baixos preços do etanol e do açúcar e de outro pelos aumentos nos custos e exigências na produção.
Economicamente falando, o produtor brasileiro encontra-se num beco sem saída, pois não consegue fazer subir o preço do açúcar, pois qualquer aumento de produção derruba as cotações nas bolsas, e não consegue melhorar a remuneração do etanol, devido ao maquiado “congelamento” no preço da gasolina.
Ora, é notório que o setor não tem poder para mudar artificialmente as cotações nas bolsas e nem impedir os aumentos nos custos inerentes à produção. Mas pode e deve buscar corrigir esta anormalidade econômica em vigor na administração dos preços da gasolina.
Embora esta diretriz esteja prejudicando seriamente a Petrobras e um dos setores que mais contribuem para a geração de empregos e renda no Brasil, o fato é que o primeiro escalão do Governo Federal já nem disfarça o desinteresse pela questão e pelo etanol. No final das contas, quando liberam alguns incentivos, estes estão mais para embrulhos do que para pacotes.
Os políticos, à exceção de alguns declaradamente pró-setor como Mendes Thame e Arnaldo Jardim, entre poucos outros, evitam aparecer nos canaviais. Gostam mesmo é do primeiro plano das fotos em assuntos populistas. Por seu turno, o Governo Dilma continua insuflando o consumo em detrimento da produção, matando a indústria e a economia nacional.
E não adianta esperar algo diferente. Sem uma clara e forte manifestação pública dos produtores, o Governo não vai regulamentar o papel do etanol e da bioeletricidade de cana na matriz energética, assegurando-lhes uma competitividade futura.
Chega de embrulhos!