Durante o encontro com cerca de 300 produtores de cana-de-açúcar do Nordeste, em Recife (PE) nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff defendeu a subvenção e uma “política estruturante” para amenizar os efeitos da seca e disse que os produtores não precisavam agradecê-la pela aprovação do benefício. Foi a própria presidente, quando era ministra que sugeriu o benefício aos canavieiros no passado.
A presidente da República destacou a importância do trabalho articulado da classe canavieira para a aprovação da medida. “O governo federal tem consciência de que existe um diferencial na produção de cana do Nordeste do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, seja pelo clima, seja pelo relevo. O conhecimento desse fato é que tem sido a base para que o governo federal tenha reconhecido a necessidade de uma subvenção econômica”.
De acordo com Dilma, esta ação do governo federal é fruto da disposição dos produtores e do processo de reivindicação. “Nós vetamos a primeira proposta de R$ 10,00 porque o pessoal achava que tinha de ter uma discussão mais aprofundada, para dar um diferencial, considerando o efeito seca”, lembrou Dilma.
Ela também defendeu uma política de inserção dos produtores, tanto na questão energética, como também na questão da silagem e armazenagem, e finalizou dizendo que o setor não precisava agradecê-la pela ação, tendo em vista a extrema necessidade do pagamento. “O que eu vim hoje dizer para vocês é que não se trata de agradecimentos porque vocês não precisam me agradecer algo que é, indubitavelmente, uma coisa que uma presidenta sensível tinha de fazer por um segmento importante deste país”, afirmou.
O encontro com a presidente foi agendado para agradecê-la diante da sua nova postura de rever a decisão sobre o veto à subvenção econômica e publicar a medida provisória 615, autorizando o auxílio financeiro ao setor canavieiro com valor reajustado para R$ 12,00 por tonelada de cana.
A presidente Dilma Rousseff chegou à Associação Pernambucana no final da tarde e foi recepcionada pelo presidente Comissão Nacional da Cana-de-Açúcar da Confederação Nacional da Agricultura e presidente do Sindicato dos Produtores de Cana de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, pelos presidentes das Associações dos Plantadores de Cana do Rio Grande do Norte, Renato lima, da Paraíba, Murilo Paraíso, de Sergipe, José Amado, e de Alagoas, Lourenço Lopes e ainda pelos dirigentes da Associação dos Fornecedores de Cana do Extremo Sul da Bahia, Jorge Monteiro, da além do vice-presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Pedro Jorge; e do Diretor-Tesoureiro da entidade, Oscar Gouvêa.
Na oportunidade, o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Alexandre Lima, que conduziu o grupo de produtores e os representou diante da presidente, disse que a subvenção vem para salvaguardar a produção de 21 mil produtores de cana nordestinos. “Agradecemos a presidente por dar essa sustentabilidade ao setor”, concluiu Lima.
Participaram do evento, a primeira-dama do estado de Pernambuco, Renata Campos, dos ministros, Fernando Bezerra, da Integração Nacional; Aldo Rebelo, do Esporte; Edison Lobão, de Minas e Energia; e Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social; os senadores Humberto Costa e Armando Monteiro Neto; o deputado federal Pedro Eugênio, autor da MP 615; o prefeito do Recife, Geraldo Júlio; e o secretário estadual de Agricultura, Aldo Santos.
Entenda o caso
Até o último dia 16, estava previsto um protesto para a passagem da presidente pelo estado. O impasse girava em torno do fato de Dilma ter vetado, no início do mês, o subsídio de R$ 10,00 por tonelada de cana entregue pelos fornecedores do NE às unidades industriais – limitado até 10 mil toneladas – na safra 2011/2012. A ajuda era reivindicada por produtores nordestinos atingidos pela seca. Após articulações das entidades de classe, no entanto, o governo federal voltou atrás e se comprometeu em inserir a subvenção na Medida Provisória 615, que já foi publicada nesta segunda, dia 20 no Diário Oficial da União.
A MP 615/13 prevê um benefício de R$ 12,00 por tonelada de cana, limitada a 10 mil toneladas por fornecedor, relativa à safra 2011/2012. Além disso, o texto também estabelece uma subvenção de R$ 0,20 por litro às unidades produtoras de etanol no Nordeste. O volume de recursos é da ordem de R$ 125 milhões.(Fonte: Asplan/PB)