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Energia da cana supre mais de 15% da matriz nacional, aponta publicação

A cana está entre as principais culturas apresentadas nos “Cenários territoriais para 15 produtos agroenergéticos”, título do novo documento técnico lançado pela Embrapa, disponível para download gratuito em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/953669/1/DOC12.pdf. Os dados coletados pelos pesquisadores em 2011 revelam que o etanol e a bioeletricidade obtidos da cana-de-açúcar foram responsáveis por 15,7% do suprimento energético nacional, enquanto a lenha e o carvão vegetal responderam

por cerca de 9,7 % e o biodiesel por pouco menos de 1%. O documento conclui que para que se possa aumentar a quantidade de energia proveniente da biomassa será necessário aumentar a produtividade física das culturas, em termos de açúcares, lignina e óleos vegetais por unidade de área e de massa e também devem ser realizados esforços no sentido de diversificar e regionalizar a produção dos cultivos agrícolas e florestais.

Um dado relevante muito questionado e que contesta alguns ambientalistas é a questão da ocupação da cana em regiões do Pantanal e Floresta Amazônica, pois o documento mostra que a área de cana-de-açúcar, por exemplo,no Estado do Mato Grosso alcançará menos de 120.000 hectares em 2014, “área muito pequena para causar abalos no uso da área agricultável do Estado e em regiões situadas no sudoeste matogrossense e que estão muito longe de invadir ou mesmo ameaçar a Floresta Amazônica”, segundo a publicação da Embrapa.

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Ainda de acordo com o documento, atualmente apesar do petróleo ser a principal fonte de energia, tendo respondido, em 2011, por cerca de 38,6 % da matriz energética brasileira, a energia derivada da biomassa (etanol, bioeletricidade, lenha, carvão vegetal e biodiesel) contribuiu com 30,5%, enquanto a contribuição da hidroeletricidade foi de 14,7%.

O relatório revela ainda que a expectativa do Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é de que em 2030, esse perfil se mantenha, com o petróleo respondendo por 30%, a biomassa por cerca de 26% e a hidroeletricidade por 13%.

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Sobre a publicação

A publicação apresenta as microrregiões em que se concentram as principais culturas agrícolas que estão ou podem ser inseridas nas cadeias produtiva da bioenergia no Brasil. Com base em fatores históricos e dados coletados nos Censos Agropecuários, os autores traçam cenários de expansão dos cultivos nos próximos cinco anos.

O pesquisador da Secretaria de Gestão Estratégica da Embrapa Fernando Luís Garagorry, um dos autores do documento, explica que a motivação para estabelecer cenários territoriais para produtos agroenergéticos surgiu de um estudo anterior sobre a concentração espacial e a dinâmica da agricultura brasileira. “A concentração espacial refere-se, em termos simplificados, ao fato de que, para qualquer produto, há uns ‘poucos lugares’ onde ele se concentra”, diz o pesquisador. A pesquisa utilizou dados de 1990 a 2009 para projetar cenários nos cinco anos seguintes.

O estudo também pode ser aplicado nas avaliações de mudanças no uso direto e indireto da terra, um dos principais indicadores de sustentabilidade da cadeia produtiva dos biocombustíveis, segundo o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral, também autor do documento.

Ele destaca ainda que os dados levantados são importantes para análises em que a localização geográfica é fator determinante, tais como necessidade de armazenamento de colheita e estabelecimento de cadeias logísticas de fornecedores de matérias-primas. “Esse tipo de análise tende ganhar particular importância neste momento em que a biomassa conquista cada vez mais importância como fonte de energia sustentável em todo o mundo. No Brasil, ela é responsável por 30,5% da matriz energética nacional, a frente até mesmo da hidroeletricidade, que responde por 14,7%”, revela a publicação.