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Após tentativa frustrada, Aralco capta US$ 250 milhões

Depois de elevar o rendimento oferecido aos investidores para 10,25% ao ano, a Aralco conseguiu fechar oferta de títulos de dívida no exterior na terça-feira. A produtora de açúcar e álcool paulista levantou US$ 250 milhões com bônus para 2020, com opção de resgate antecipado a partir do terceiro ano.

Trata-se da maior taxa paga neste ano por um emissor brasileiro. Em novembro de 2012, a Usina São João, também do ramo de açúcar e álcool, emitiu US$ 275 milhões em bônus para 2019, com rendimento ao investidor de 10,125% ao ano.

Os títulos da Aralco saíram com cupom (juro nominal) de 10,125% ao ano, a 99,386% do valor de face. E receberam a nota “B” pelas agências Standard & Poor´s e Fitch Ratings, o que os coloca na faixa de grau “altamente especulativo”.

A companhia esteve em “road show” (apresentação a investidores) lá fora entre os dias 10 e 15 de abril e planejava captar entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões. Logo depois da rodada de encontros, lançou a oferta com uma estimativa inicial de retorno na faixa de 9%, mas não teria encontrado demanda suficiente para fechar a operação, segundo fontes do mercado. Na ocasião, foi alegado que o momento não era favorável para a emissão, e que a captação poderia ser feita até meados de maio com a mesma documentação.

Os recursos, segundo documento da oferta, terão como destino quitar boa parte dos passivos com as instituições que coordenaram a operação. Dos cerca de R$ 620 milhões de dívida da companhia, 60% estão nas mãos desses bancos: Votorantim (R$ 141 milhões), Credit Suisse (US$ 55 milhões), Itaú BBA (R$ 87,2 milhões), HSBC (R$ 25 milhões) e Pine (R$ 37,6 milhões).

Para Alexei Remizov, diretor de mercado de capitais do HSBC, um dos bancos coordenadores, a empresa soube aproveitar bem um momento de mercado mais adequado para fazer a captação. “O resultado da transação é bastante favorável para a estrutura de crédito da Aralco, dado que a companhia fez uma readequação significativa de sua de dívida”, afirma ele.

Para um outro banqueiro que participou da operação e que prefere o anonimato, o perfil de crédito da companhia é bom e estava fresco na cabeça dos investidores, após o “road show” recente por Chile, Estados Unidos e Europa. Ao mesmo tempo, percebeu que não conseguiria colocar a operação em pé pagando a taxa que havia previsto inicialmente.

“Obviamente, as empresas não gostam de pagar mais caro, mas foi interessante para conseguir alongar o perfil de dívida e fechar a operação”, afirma a fonte. O executivo ressalta que outras empresas brasileiras do mesmo segmento, como Virgolino de Oliveira e Usina São João, conseguiram taxas similares em operações recentes.

A demanda pelos papéis teria ficado ao redor de US$ 500 milhões. Investidores americanos ficaram com 45% da alocação final, seguidos por aqueles da América Latina (24%) e Europa (21%).