Com um forte déficit na balança comercial de petróleo e derivados, o comércio exterior brasileiro teve o pior resultado da história no começo do ano. As importações superaram as exportações em US$ 6,150 bilhões no acumulado até abril. Apesar disso, o governo mantém a previsão de que o saldo das transações comerciais seja positivo em maio e em todo ano. Mas além das crescentes compras de petróleo e derivados realizadas em 2013, ainda vão entrar na conta US$ 1 bilhão referentes a importações desses itens feitas em 2012.
O balanço do comércio internacional do país nos quatro primeiros meses de um ano não era deficitário desde 2001. Antes do desempenho de 2013, o pior resultado nesse mesmo período foi o de 1995, quando as compras de mercadorias estrangeiras superaram as vendas de bens nacionais ao exterior em US$ 2,8 bilhões, segundo a série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, iniciada em 1993, e a do Banco Central, com começo em 1959. No ano passado, o resultado foi bem diferente. Houve um superávit de aproximadamente US$ 3,3 bilhões na balança comercial até abril.
Entre os quatro primeiros meses deste ano, apenas março teve exportações maiores que importações, registrando um saldo positivo de US$ 161 milhões. O mês de abril registrou com déficit de US$ 994 milhões. Esse foi o pior resultado da série histórica. Para maio, a previsão é de “um superávit na balança comercial”, disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres. “E seguimos com a expectativa de, sim, ter um ano com superávit, com saldo positivo na balança comercial”, afirmou.
Considerado “expressivo”, o déficit no comércio exterior brasileiro é explicado, em parte, pela queda de 43% nas exportações de petróleo e derivados feitas até abril em relação a igual período do ano passado. “Estaríamos em 2013 num nível superior à média diária de 2012 se não fossem petróleo e derivados”, informou Tatiana. Média diária é o método de comparação usado pelo ministério, que considera o número de dias úteis em cada período. Do lado das importações desses itens, houve uma alta de 4,1% na mesma comparação.
O déficit apenas da balança comercial de petróleo e derivados foi de US$ 8,5 bilhões até abril. “Houve uma queda na produção de petróleo relacionada, entre outros aspectos, à manutenção de plataformas e houve também um aumento do consumo de petróleo para refino no Brasil”, disse Tatiana.
Além disso, importações de petróleo e derivados ocorridas no ano passado ainda terão efeitos nos próximos meses na balança comercial brasileira. Ainda restam US$ 1 bilhão referentes a entradas desses produtos feitas em 2012, mas que até fim de abril não haviam ingressado na conta do comércio exterior.
Uma instrução normativa da Receita permitiu que a contabilização das importações de petróleo e derivados no ano passado pudesse ser feita mais tarde. O total estimado de petróleo e derivados que entrou no país em 2012 e não registrado no mesmo ano é de US$ 4,5 bilhões. Desse montante, US$ 3,5 bilhões já foram incluídos na balança comercial brasileira nesses primeiros quatro meses de 2013.
Petróleo foi um dos itens que puxaram a queda nas exportações para os Estados Unidos. As vendas de mercadorias para esse país caíram 20% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período do ano passado. “Se não fosse petróleo, essa queda teria sido de apenas 3,3%”, ressaltou Tatiana.
Estados Unidos e União Europeia estão “puxando a queda das nossas vendas”, afirmou a secretária. Por outro, “Ásia, Oriente Médio, África, Europa Oriental, mercados não tradicionais para o comércio exterior brasileiro estão apresentando desempenho positivo para as nossas exportações”, disse Tatiana.
Do lado das importações, o Brasil comprou mais mercadorias de todos os blocos econômicos listados pelo Ministério do Desenvolvimento no acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2012. Na contramão, a entrada de automóveis caiu 21,6% na mesma comparação. A importação de veículos foi um dos poucos itens que apresentaram queda entre os itens comprados pelo país.