Mercado

Fornecedor do agronegócio trabalha no limite

As empresas que fabricam máquinas e equipamentos para o agronegócio trabalham com pouca folga na produção. A Dedini, fabricante de equipamentos para as usinas de açúcar e álcool, ampliou em 30% a produção nos últimos 6 meses para atender aos pedidos do setor. “Realmente, sentimos uma reação nas encomendas de máquinas, equipamentos e peças de reposição para o setor de açúcar e álcool”, diz o vice-presidente de Negócios, José Francisco Davos.

Para isso, a empresa contratou no último trimestre cerca de 40 trabalhadores nas fábricas de Sertãozinho e Piracicaba, no interior de São Paulo, que empregam hoje 2.800 pessoas.

Se não fosse o agronegócio, a empresa estaria com ociosidade elevada. Isso porque as encomendas de máquinas e equipamentos para outros setores da indústria atendidos pela Dedini (papel e celulose, energia, petróleo, cerveja e aço) caíram nos últimos meses. “Tanto os grandes como os pequenos negócios nesses setores estão sendo adiados”, diz Davos.

Segundo ele, o agronegócio vem garantindo o faturamento da empresa. A previsão é fechar este ano com vendas de até R$ 400 milhões, 10% mais do que em 2002. Mas o resultado ficará abaixo do previsto inicialmente, que era de R$ 420 milhões.

A Jumil, fabricante de implementos agrícolas instalada em Batatais (SP), contratou recentemente 120 pessoas para reforçar a produção de máquinas para plantio, cujas encomendas têm acompanhado a expansão do agronegócio. O quadro de pessoal aumentou para 700 funcionários, de acordo com o presidente, Rubens Dias de Morais.

A empresa deverá faturar este ano cerca de R$ 150 milhões, 36% acima dos R$ 110 milhões registrados em 2002. Mas poderia ter dobrado o faturamento do ano passado se os financiamentos do governo tivessem sido liberados mais cedo, afirma o empresário, referindo-se aos recursos do Moderfrota (R$ 1,850 bilhão) que ficaram disponíveis só a partir de julho e já se esgotaram. Esse tipo de equipamento custa cerca de R$ 60 mil e depende de financiamento para vender.

Hoje, há dinheiro disponível no mercado, de outros programas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém a um custo mais elevado que o do Moderfrota. Além disso, termina no mês que vem a temporada de plantio. “Houve um descompasso entre a demanda e a liberação do crédito, lamentavelmente”, diz Morais. “Perdemos o timing: muita gente deixou de comprar, as empresas não produziram e, de repente, o mercado voltou a ficar aquecido, mas ninguém teve condições de aumentar a produção de uma hora para a outra.”

A Agco, fabricante de tratores e colheitadeiras, decidiu investir no mercado externo desde o segundo semestre do ano passado. Gastou US$ 15 milhões na modernização da fábrica de tratores de Canoas (RS) e está investindo mais US$ 2 milhões na unidade de Santa Rosa (RS), que produz colheitadeiras.

Entre as duas fábricas, foram contratados 300 trabalhadores nos últimos meses. “Esse número se multiplica por quatro, considerando-se os empregos indiretos”, afirma o diretor de Marketing da Agco, Werner Santos.

As duas fábricas trabalham hoje a plena carga em dois turnos de produção.

Com isso, a produção de tratores agrícolas deverá aumentar 54% em relação a 2002. No mesmo período, a produção de colheitadeiras deverá passar de 1,4 mil para 2 mil, um aumento de 43%. “Exportamos para 70 países, e o mercado argentino de colheitadeiras está reagindo”.

Importações – Além dos fabricantes locais, as empresas continuam recorrendo a máquinas estrangeiras. Tanto é que as importações de bens de capital cresceram pela primeira vez em setembro, depois de 20 meses seguidos de queda.

De acordo com dados do governo, as importações de bens de capital atingiram US$ 923 milhões, um crescimento de 4,9% na comparação com setembro do ano passado (US$ 880 milhões). Nos nove primeiros meses do ano, as importações de bens de capital acumulam queda de 19,3%, em relação a igual período de 2002, totalizando US$ 7,365 bilhões.

O diretor-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, observa que ainda não se pode considerar esse resultado um sinal de uma reação.

Segundo ele, os dados do mês passado podem ter sido influenciados pela greve dos funcionários da Receita Federal, que atrasou o desembaraço das importações nos meses anteriores.

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