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Preços de venda em queda ampliam déficit comercial

Uma queda disseminada no preço de quase 60% dos produtos exportados ajuda a explicar o mau resultado da balança comercial brasileira, que registrou saldo negativo recorde de US$ 6,5 bilhões no ano até a terceira semana de abril. De janeiro a março, 20 dos 31 grupos de produtos classificados pelo Ministério do Desenvolvimento – que somam 64% do valor total exportado no período – tiveram diminuição de preços de venda. Em alguns setores, especialmente de manufaturados, a redução do volume também prejudicou o desempenho. Entre os 31 grupos, 17 reduziram a quantidade exportada.

Frustração nos preços das commodities, repasse das desonerações de impostos federais ao valor das mercadorias exportadas e maior concorrência externa explicam a performance ruim, dizem empresários e economistas. Nas três primeiras semanas de abril, entre os 16 principais produtos básicos exportados, 11 foram vendidos com preços inferiores aos do mesmo período de 2012.

A evolução de preços das commodities é um dos componentes da balança comercial que começam a causar maior preocupação entre os analistas do setor. Há decepção com produtos que não subiram como se esperava e com outros em que a baixa das cotações foi mais acelerada que a prevista. Um exemplo do primeiro caso é o da soja e do segundo, café e açúcar.

Pelo lado das importações, especialistas estão intrigados e suspeitam de irregularidades no registro de importações de petróleo feitas em 2012 e só incluídas nas estatísticas oficiais de abril. O registro dessas importações foi um dos principais responsáveis pelo déficit de quase US$ 2,7 bilhões no saldo comercial da terceira semana de abril. Pelas normas da Receita Federal, as empresas têm 50 dias após o desembaraço da mercadoria para apresentar os documentos usados no registro nas estatísticas. Procurada pelo Valor, a Receita não explicou a razão do atraso.