A menos de uma semana do prazo estipulado pelo governo federal para aumentar de 20% para 25% a porcentagem de etanol na gasolina, o que teoricamente poderia exercer pressão para uma redução do preço, o álcool sofre mais um reajuste médio de 5% na bomba. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), o reajuste nas refinarias aconteceu no final da semana passada e já começa a ser sentido pelos consumidores.
O sindicato não comentou sobre as possíveis causas do novo aumento, mas aponta a entressafra de cana-de-açúcar como um dos principais motivos.
“O aumento médio foi de 5% nas bombas. Sinceramente, não gostaria de falar sobre as razões para o novo aumento porque são as mesmas “desculpas” de sempre. Às vezes, os produtores (usineiros) dizem que houve aumento porque choveu. Depois dizem que foi porque não choveu. Em outro momento já colocam a culpa no baixo consumo e por aí vai. O problema é que quem sempre paga a conta são os comerciantes e consumidores. Neste momento, creio que a justificativa do setor será entressafra”, comenta o presidente do Sincopetro de Sorocaba, Jorge Marques, demonstrando descontentamento com a falta de uma postura mais efetiva por parte do governo para regulação do setor.
De acordo com o Sincopetro, o preço do etanol (na bomba), em Sorocaba, varia de R$ 1,79 a R$ 2,09. Já a gasolina pode ser encontrada de R$ 2,49 a R$ 2,90. “Os valores cobrados são definidos em função de alguns fatores como o tipo e localização do estabelecimento”, ressalta Marques.
O presidente Regional do Sincopetro acredita que o aumento do percentual de etanol na gasolina a partir do dia 1º de maio pode provocar redução nos preços da gasolina. “Se pensarmos de maneira lógica, é coerente acreditar na redução do preço da gasolina, já que será adicionada maior quantidade de etanol no produto. Porém, diante de tudo que estamos acostumados a presenciar, é melhor esperar para ver o resultado”, salienta.
Redução do consumo
O aumento do valor do etanol provocou a redução do consumo em alguns estabelecimentos. No posto Ruff, da avenida Carlos Reinaldo Mendes, por exemplo, de cada dez litros vendidos, sete são de gasolina e apenas três de álcool. “Atualmente, os motoristas que abastecem com etanol são os proprietários de veículos 1.0. Os consumidores que possuem carros mais potentes preferem abastecer com gasolina. Com o novo aumento, o valor do etanol no nosso posto chega a 72% do preço da gasolina, o que deixa o combustível feito da cana-de-açúcar menos atraente”, afirma a gerente do posto, Priscila Gambacorta. “Hoje, 70% das nossas vendas são de gasolina”, complementa.
A professora universitária Telma Cardoso está no grupo de clientes que decidiram optar pela gasolina. “Na cidade, meu carro faz nove quilômetros com um litro de gasolina e seis com etanol. Eu fiz as contas e não compensa mais abastecer com álcool. Por isso, comecei a abastecer apenas com gasolina”, relata.
Combustíveis mais baratos
Enquanto na capital paulista, os motoristas pagam, em média, R$ 2,78 por litro de gasolina e R$ 1,98 pelo litro de etanol, no interior de São Paulo a situação é diferente, apesar do aumento no preço médio do etanol e da estabilidade do preço médio da gasolina em todo o Estado.
Segundo dados do Índice de Preços Ticket Car (IPTC) de março, em Bauru é possível encontrar o menor preço em etanol e gasolina, com média de R$ 1,81 e R$ 2,67, respectivamente. O motorista que abastece em Araçatuba, no entanto, paga o maior preço do Estado pelo combustível derivado do petróleo, em média de R$ 2,95, e quem abastece em São José dos Campos desembolsa mais para encher o tanque com combustível derivado da cana de açúcar, cotado a R$ 2,02. Na pesquisa, Sorocaba aparece em posição intermediária, já que o preço médio cobrado pela gasolina no município é R$ 2,70 e R$ 1,94 pelo etanol.
O motorista de outras cidades do Estado de São Paulo encontram as seguintes médias por litro: gasolina R$ 2,81; etanol R$ 1,98; diesel R$ 2,32; diesel S-10 R$ 2,35 e GNV R$ 1,67/m3.
Para quem tem veículo flex, a dica é fazer uma conta simples na hora de abastecer. “Divida o preço do etanol pelo da gasolina. Resultados inferiores ou até 70% dão vantagem para o combustível vegetal. Mais que isso o derivado do petróleo é a melhor opção”, explica Eduardo Lopes, coordenador do Produto Ticket Car. “Vale a pena lembrar que mesmo nos casos de vantagem econômica para a gasolina, o etanol é sempre ecologicamente mais indicado”, completa.