Mercado

Para evitar falência, usina precisa preparar seus sucessores ou profissionalizar gestão

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Muitas empresas não estão suportando a pressão do mercado e motivadas pela crise atual, questões climáticas e falta de profissionalização, acabam decretando falência, sendo vendidas ou entrando em recuperação judicial.

“Os dados são preocupantes. De acordo com a Unica, das 330 usinas de açúcar e etanol no País, 60 deverão fechar as portas ou mudar de donos nos próximos dois a três anos. Nos últimos cinco anos, 36 usinas entraram em recuperação judicial e no mesmo período 43 foram desativadas”, revela Sérgio Luiz Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Estado de São Paulo.

Silvano da Silva, gerente administrativo e de suprimentos da Usina Sinimbu, de Alagoas, que acompanha a empresa familiar desde a primeira geração, explica que há muitas usinas abrindo falência em Alagoas e Pernambuco pois não prepararam seus sucessores. “O mercado é duro, sem muitos incentivos fiscais, por isso é preciso criar competências. É preciso que as usinas tenham um conselho atuante, mas que deixem os executivos tomarem conta do negócio pois eles são aptos para essa função”, lembra.

Para ele, alguns empresários mais tradicionais não querem soltar as “rédeas”, o que causa o enfraquecimento da empresa. “Muitos mudam por bem ou por mal. Vejo três caminhos para os próximos dez anos no setor: em um deles, os antigos empresários não devem abrir mão da gestão e devem caminhar para falência; no outro, os sucessores continuam assumindo a gestão, se especializam, ou passam para o executivo; e no terceiro, os executivos entram com planos de metas, remodelando a empresa e cobrando resultados. Sem atritos familiares, a empresa irá caminhar melhor”, afirma.

O coach executivo, Carlos Casarotto, diretor da Casarotto Desenvolvimento Humano e Organizacional, também concorda que a profissionalização no Nordeste não é uma tendência, mas uma necessidade. “A primeira geração cria a empresa, a segunda usufrui e a terceira destrói. Se não houver mudança de mentalidade, muitas empresas acabarão sendo vendidas”, revela.

De acordo com ele, muitos empresários do setor ainda pensam que profissionalização significa perda de poder. “A profissionalização traz novos processos de melhorias para driblar a competitividade do mercado. A improdutividade e o conformismo matam a empresa. Não vejo sentimentos no setor atual, mas muito desânimo. Não vejo o setor se profissionalizando tão cedo, esse processo deverá passar por gerações”, finaliza.

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Silvano da Silva, defende profissionalização