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Pesquisas revelam variedades de canas aptas para o Cerrado

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Ao aportar no Centro-Oeste brasileiro as empresas produtoras de cana, açúcar e etanol encontravam um grande potencial de expansão, mas também muitos desafios. Segunda pesquisas realizadas na região, a cana influi diretamente na produção por isso é preciso realizar um manejo varietal que atenda as características do Cerrado e desenvolver variedades de cana adequadas. Para Américo José dos Santos Reis, professor da Universidade Federal de Goiás, integrante da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), as estações de pesquisa da entidade, que são as usinas conveniadas em Goiás (95% das unidades no Estado), e os campi da federal goiana têm papel fundamental no desenvolvimento de variedades adaptadas à região, uma vez que Goiás está no centro do bioma do Cerrado. “Hoje, a variedade mais plantada tanto no cerrado como no Brasil em geral é uma RB, a 7515. Um material que se adaptou bem às situações de ambientes mais desfavoráveis que caracterizam o Centro-Oeste. Por isso, essa variedade é hoje a mais plantada, considerando que o setor expandiu vigorosamente para a região central do país e precisou recorrer aos materiais existentes no mercado, já que não havia variedades desenvolvidas especificamente para o bioma.”

De acordo com ele, como a RB86-7515 é mais responsiva às características do cerrado e atualmente a variedade ocupa cerca de 30% da área de manejo e cultivo de cana na região. Mas Reis lembra que, no trabalho de melhoramento, não existe um material ideal. “As necessidades mudam com o tempo, por isso precisamos sempre evoluir. O melhoramento não tem como fixar um alvo único. O alvo muda com o tempo e os programas de melhoramento vão se movendo em busca de novos materiais”, diz.

Exemplo disso é a colheita mecanizada, que hoje é preocupação comum no desenvolvimento de todas as variedades. Segundo ele, se não é apta ao plantio e à colheita mecanizados, não é uma variedade adequada para o setor.

Na opinião de Reis, as características desejáveis para uma variedade apta ao cerrado, além da alta produção de açúcar por hectare, é a resistência ao déficit hídrico. “Precisamos de materiais com boa resposta à falta d’água, em relação com materiais usados no Estado de São Paulo, onde a seca não é um grande problema.”

Para o cerrado, os pesquisadores buscam variedades mais produtivas para áreas canaviais marginais. “Precisamos de materiais mais rústicos do que os desenvolvidos para São Paulo.”

Na opinião de Reis, cada vez mais os produtores de cana no Centro-Oeste têm consciência da importância de se buscar novos materiais, adaptados à região. “E a maioria tem consciência que dá para fazer esse refinamento. A dificuldade está em identificar esses materiais e manejá-los da melhor maneira.”

As mais indicadas

Variedades aptas para a região do cerrado – Entre as variedades RBs aptas para a região do cerrado, além da RB867515, o pesquisador destacou a RB855536 indicada para colheita no início de safra; a RB855156, muito precoce e alta produtividade; RB966928 com excelente brotação e reposta à mecanização, porém, não indicada para plantio nos piores ambientes; RB92579, boa brotação e responde bem ao plantio e colheita mecanizada; RB931011, possível manejar em áreas desfavoráveis; RB937570, boa adaptação ao plantio e colheita mecanizada; RB965902, bem aceita em Goiás, rica em açúcar e não floresce.

Mas, segundo os pesquisadores, o trabalho para o desenvolvimento de variedades de cana aptas ao bioma do cerrado é intenso e já há novos materiais RBs promissores para a região.

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