Uma das piores secas em três décadas deve reduzir a safra de cana-de-açúcar do nordeste brasileiro nesta temporada em até 30% em algumas áreas, disseram líderes da indústria na região, que se encontra em meio à moagem.
As Regiões Norte e Nordeste do Brasil representam somente cerca de 10% do fornecimento nacional de cana, mas a safra é uma importante fonte de açúcar e etanol no âmbito doméstico, além de exportar na entressafra do centro-sul.
A região, que iniciou a colheita em setembro em Alagoas, tipicamente esmaga a cana para a produção de açúcar e etanol até março, quando o centro-sul inicia a colheita da nova safra. Mas nesta temporada as operações devem terminar mais cedo.
“Não há cana o suficiente, então nós esperamos acabar a moagem em fevereiro”, disse Jorge Torres, diretor-técnico da Associação da Indústria da Cana (Sindaçúcar) em Alagoas, principal estado produtor de cana no nordeste do País.
Torres afirmou que o nordeste produziria somente 52 milhões de toneladas neste ano, uma queda de 10% a 15% ante o recorde de 62 milhões de toneladas da última safra.
O fornecimento do açúcar da região também deve cair seguindo a mesma porcentagem, ante mais de 4 milhões de toneladas produzidas na última safra, acrescentou.
Rudson Sarmento, coordenador-técnico da Associação de fornecedores de Cana-de-açúcar de Alagoas, disse que o estado veria uma queda de 20% a 25% na sua produção da cana devido à seca severa que atingiu as lavouras.
“Nós recebemos somente 30% das chuvas normais neste ano”, disse Sarmento.
A produção de cana no segundo maior Estado produtor, Pernambuco, que começa a colheita nas próximas semanas, deve ser ainda pior.
“Essa deve ser a pior safra desde 1982/1983”, disse Paulo Giovani, vice-presidente técnico da Associação de Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco (AFCP).
Segundo Giovanni, a produção de Pernambuco cairia 30%, para 16 milhões de toneladas neste ano.
“Nós vimos uma queda de 40% do volume de chuvas nesta última temporada, e em abril, quando nós aplicamos o fertilizante, estava particularmente seco”, ele disse.
A principal lavoura de cana do centro-sul do Brasil, que representa 90% da produção de cana de açúcar do País, está nas semanas finais.
A região deve moer 512 milhões de toneladas de cana, de acordo com a Unica, associação da indústria. Esta seria uma modesta alta ante os 493 milhões de toneladas no ano anterior, quando a produção na região caiu pela primeira vez em uma década.